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Crítica
Filme de Lang faz pensar no Brasil
CRÍTICO DA FOLHA
Quando começa "Fúria"
(TCM, 22h), Spencer Tracy é o
que sempre será: o rapaz americano exemplar, cheio de boas
intenções e sentimentos. Mas
estamos em um filme de Fritz
Lang, de maneira que Tracy, ou
Joe Wilson, terá o azar de passar por um cidade onde ocorreu um crime.
Pior, terá o azar de levar alguns amendoins em seu bolso.
É uma prova mais que circunstancial do que quer que seja,
mas, como se sabe, a polícia
gosta de simplificar seu trabalho e, portanto, acaba incriminando o rapaz. A cidade não
deixa por menos: também o incrimina. Estamos diante de
uma crítica à América feita por
um recém-chegado Lang?
Não nos apressemos. Seria
mais instrutivo ver o filme e
olhar o que acontece no Brasil
contemporâneo, por exemplo,
onde linchamentos quase
acontecem a toda hora. Esta é a
fúria irracional de uma população, referida no título, pois a
cadeia onde está Wilson é atacada e o suposto criminoso torna-se suposto morto.
Não morto, porém, pois estamos num Fritz Lang, sempre é
bom lembrar, em que nada
acontece para respeitar a convenção. Ele vive e prepara sua
vingança.
Daqui por diante mais vale
silenciar sobre o que ocorre a
partir deste segundo momento
do filme, em que o título novamente se justificará e as ilusões
perdidas de Wilson vão se manifestar com intensidade espantosa.
(INÁCIO ARAUJO)
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