São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Livro explica linguagem dos quadrinhos

Jornalista, blogueiro e doutor em letras Paulo Ramos lança publicação que defende a autonomia das HQs

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Quadrinhos não são uma forma de literatura. Trata-se de uma linguagem autêntica. É uma tentativa de "pegar emprestadas" a autoridade e a aceitação social da literatura e as transferir para as HQs. Há muitos pontos em comum com a literatura, mas é uma linguagem autônoma." Essa é a opinião de Paulo Ramos, jornalista, doutor em letras e responsável pelo Blog dos Quadrinhos (http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br). Em sua tese, defendida em 2007, Ramos abordou humor e HQs, e está de volta ao tema neste início de ano com o lançamento do livro teórico "A Leitura dos Quadrinhos".
Este é o primeiro livro realizado individualmente por Ramos. O anterior, "Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula", escrito com outros quatro autores, chegou a ser vendido, em uma mesma loja, em três setores diferentes: infantil, humor e educação, que é onde deveria estar. "Existe um acentuado desconhecimento sobre os quadrinhos, seus recursos e a linguagem em si", diz Ramos. "Esse desconhecimento existe em vários níveis: das livrarias às salas de aula, passando pela imprensa."
Ramos escreveu um livro introdutório e que apresenta um estudo linguístico do tema: são mostrados e estudados definições e significados de termos específicos dos quadrinhos. Assim, por exemplo, são analisados o balão, que expressa a fala ou o pensamento dos personagens, e que é categorizado de 16 diferentes maneiras (com a ressalva de que há dezenas de outras possíveis); o apêndice, que é a área do balão que o liga ao personagem; o papel da cor como expressão de movimento; e a representação da linguagem oral nos quadrinhos.
Outra questão que o livro aborda é a divisão de histórias em quadrinhos em gêneros. Este é um ponto polêmico: Ramos defende que charge e cartum são gêneros de histórias em quadrinhos -a maioria dos teóricos publicados no Brasil defende que é preciso haver ao menos dois quadrinhos para que deixe de ser um cartum (ou charge) e se torne uma HQ. "Isso não é uma novidade: Antônio Luiz Cagnin já defendia isso nos anos 70", afirma Ramos. "Se você consegue transmitir uma narrativa em uma única cena, não deixa de ser uma história em quadrinhos. Além disso, charges e cartuns usam elementos da linguagem das HQs, como o uso de contorno dos quadrinhos, de personagens e, muitas vezes, de balões."


A LEITURA DOS QUADRINHOS

Autor: Paulo Ramos
Editora: Contexto
Quanto: R$ 23 (160 págs.)



Texto Anterior: Resumo das novelas
Próximo Texto: Luiz Felipe Pondé: Metamorfose
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.