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Livro explica linguagem dos quadrinhos
Jornalista, blogueiro e doutor em letras Paulo Ramos lança publicação que defende a autonomia das HQs
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Quadrinhos não são uma
forma de literatura. Trata-se de
uma linguagem autêntica. É
uma tentativa de "pegar emprestadas" a autoridade e a aceitação social da literatura e as
transferir para as HQs. Há muitos pontos em comum com a literatura, mas é uma linguagem
autônoma."
Essa é a opinião de Paulo Ramos, jornalista, doutor em letras e responsável pelo Blog dos
Quadrinhos (http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br). Em sua tese, defendida em
2007, Ramos abordou humor e
HQs, e está de volta ao tema
neste início de ano com o lançamento do livro teórico "A
Leitura dos Quadrinhos".
Este é o primeiro livro realizado individualmente por Ramos. O anterior, "Como Usar
as Histórias em Quadrinhos na
Sala de Aula", escrito com outros quatro autores, chegou a
ser vendido, em uma mesma
loja, em três setores diferentes:
infantil, humor e educação, que
é onde deveria estar.
"Existe um acentuado desconhecimento sobre os quadrinhos, seus recursos e a linguagem em si", diz Ramos.
"Esse desconhecimento
existe em vários níveis: das livrarias às salas de aula, passando pela imprensa."
Ramos escreveu um livro introdutório e que apresenta um
estudo linguístico do tema: são
mostrados e estudados definições e significados de termos
específicos dos quadrinhos.
Assim, por exemplo, são analisados o balão, que expressa a
fala ou o pensamento dos personagens, e que é categorizado
de 16 diferentes maneiras (com
a ressalva de que há dezenas de
outras possíveis); o apêndice,
que é a área do balão que o liga
ao personagem; o papel da cor
como expressão de movimento; e a representação da linguagem oral nos quadrinhos.
Outra questão que o livro
aborda é a divisão de histórias
em quadrinhos em gêneros.
Este é um ponto polêmico: Ramos defende que charge e cartum são gêneros de histórias
em quadrinhos -a maioria dos
teóricos publicados no Brasil
defende que é preciso haver ao
menos dois quadrinhos para
que deixe de ser um cartum (ou
charge) e se torne uma HQ.
"Isso não é uma novidade:
Antônio Luiz Cagnin já defendia isso nos anos 70", afirma
Ramos. "Se você consegue
transmitir uma narrativa em
uma única cena, não deixa de
ser uma história em quadrinhos. Além disso, charges e
cartuns usam elementos da linguagem das HQs, como o uso
de contorno dos quadrinhos,
de personagens e, muitas vezes, de balões."
A LEITURA DOS QUADRINHOS
Autor: Paulo Ramos
Editora: Contexto
Quanto: R$ 23 (160 págs.)
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