|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Banda insere Amapá no mapa do pop
Mini Box Lunar assume influência das Guianas e do Suriname e compensa isolamento geográfico com trabalho em rede
Sexteto, que já tocou em festivais indies, se diferencia com mistura de salsa, tropicalismo, rock e até imitação de voz de crianças
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é todo dia que encontramos uma banda brasileira que
assume ter como influência os
sons que passam pelas Guianas
e pelo Suriname. Mas não é todo dia que encontramos uma
banda como a Mini Box Lunar.
O isolamento geográfico em
relação ao Sul e ao Sudeste do
Brasil explica, em parte, a riqueza da música do Mini Box
Lunar. O sexteto está baseado
em Macapá, no Amapá. No extremo norte do país, o Estado
está culturalmente mais próximo da Guiana Francesa e do
Suriname, com quem faz fronteira, do que de São Paulo, Rio e
Paraná, por exemplo.
"Esse isolamento de fato
existe. Só saímos de Macapá de
avião e sempre passando por
Belém", conta o músico Otto
Ramos, que toca sintetizador e
teclado na banda. "O contato
com as Guianas é muito forte
no comércio, na economia. Isso
influencia muito a gente."
Digitalmente, o Mini Box Lunar insere-se na música independente do Brasil. "Somos
isolados, mas compensamos
trabalhando em rede, estamos
conectados com o resto do país.
Isolados geograficamente, mas
conectados pela internet."
O Mini Box Lunar ainda não
tem nenhum disco lançado -e
precisa? Com um ou dois cliques, chegamos ao MySpace do
grupo (www.myspace.com/miniboxlunar) e percebemos
que estamos diante de uma
banda distinta do pop rock que
se faz no restante do país.
O clima é sessentista, ensolarado e colorido. Psicodélico e
pop. Mutantes e Beach Boys.
Tropicalismo e jovem guarda.
"Há músicas com referências
diversas, até nortistas. A música caribenha aqui é muito forte.
Temos cumbia, salsa, brega, tudo misturado com rock", diz
Ramos. "E nossos pais curtiam
muito os tropicalistas. Gostamos da estética do tropicalismo. A contribuição deles não
foi apenas à música brasileira; é
uma frente de contracultura
que respingou no mundo."
Mas, com tantas referências
do passado, como não soar saudosista, nostálgico, retrô?
"Compensamos isso com outras influências de cada um de
nós, misturamos com outras
influências para não soarmos
apenas como cópias. Se ficarmos só nas décadas de 60 e 70,
teríamos que reavaliar um
monte de coisa. Mas usamos
sampler, efeitos digitais."
Além de Ramos, formam o
Mini Box Lunar as vocalistas
Heluana Quintas e Jenifer
"JJ"; o baixista Sady Pimenta; o
guitarrista Alexandre Avelar; e
o baterista Ppeu Ramos.
Iê-iê-iê
Eles são donos de músicas
inspiradas, que não soam contemporâneas nem passadistas
-parecem flutuar entre hoje e
ontem. São faixas como "A Boca", "O Despertador 7:45am" e
"Piquenique no Espaço".
"Em certos momentos, principalmente nos shows, acho
que ficamos meio infantis,
meio iê-iê-iê, há imitação de
voz de crianças. Esse lado infantil maluco é um diferencial."
O grupo é criança. Foi formado há menos de dois anos. "Éramos duas duplas de compositores: eu e Heluana e Sady e Jenifer. Nós nos encontrávamos
nos bares e trocávamos ideias",
conta Ramos. O pouco tempo
de vida foi suficiente para o
grupo ser chamado para tocar
em festivais como Se Rasgum
(Belém) e Calango (Cuiabá).
Em Macapá, fazem parte do
coletivo Palafita, com outras
bandas do Estado. Sobre o nome, Ramos diz: "Mini Box é sinônimo de mercadinho, de loja
de conveniência popular no
Amapá. O Lunar é nonsense".
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Crítica: Ao vivo, CDs registram shows históricos Índice
|