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TEATRO
Peça de Gerald Thomas traz Marília Gabriela aguardando entrevista com autor irlandês
São Paulo confere "Esperando Beckett" e "Dia das Mães"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Esperando Beckett", a montagem mais recente de Gerald Thomas, que vem de temporada no
Rio, e "Dia das Mães", de Jeff Baron, com direção de Paulo Autran, entram em cartaz hoje em
São Paulo.
Marília Gabriela encabeça o
elenco da peça de Thomas, com
atores da Companhia de Ópera
Seca. Ela interpreta a si mesma no
palco, segundo o encenador, um
estúdio no qual uma apresentadora espera seu entrevistado, o
dramaturgo irlandês Samuel Beckett, que nunca chega. Ou melhor, chega, mas desaparece, súbito, para desespero de todos.
"Eu faço uma separação grande
entre representação e interpretação. No caso da Gabi, por exemplo, ela tem conteúdo para interpretar o que quiser", afirma Thomas, 46, que faz várias citações de
textos de Beckett.
Oito atores da Ópera Seca dominam o prólogo e o final. O miolo é todo preenchido pela atuação
de Marília Gabriela (o espetáculo
dura cerca de 50 minutos).
"O processo, para mim, foi muito fácil. É horrível dizer isso, parece pretensão, mas digo no sentido
prazeroso", afirma Marília Gabriela, 52, que havia feito teatro
amador na juventude, quando estudava em Ribeirão Preto.
"Não tive questionamentos que
parecem comum àqueles que praticam teatro há mais tempo", diz a
apresentadora.
Em "Dia das Mães", as comediantes Ilana Kaplan ("As Filhas
de Lear") e Patrícia Gaspar ("Futilidades Públicas") contracenam
com Karin Rodrigues e Adriane
Galisteu na história em que a matriarca de uma família desmorona
quando a filha, no jantar da celebração do título, lhe apresenta a
namorada.
"O engraçado é que Jeff Baron
não é contra a família, ao contrário, ele é otimista ao apontar a hipocrisia, o preconceito", afirma
Paulo Autran, 78, que encerrou na
semana passada a temporada de
"Visitando o Sr. Green", peça com
a qual introduziu a dramaturgia
de Baron no país, em 99.
"Dia das Mães" marca o reencontro do trio formado pelas atrizes Karin Rodrigues e Sônia Guedes. A última atuação conjunta
aconteceu em "Equus" (75), de
Peter Schaeffer, sob direção de
Celso Nunes.
"Paulo pediu para eu ler o texto
e, em seguida, disse que iríamos
montar. Foi um presente", afirma
Karin, 65, que vive a matriarca Estele. "Ela é uma mulher que tenta
segurar seus sentimentos, tem
medo de se fragilizar diante da família, por isso age com agressividade para se defender."
Autran acredita que "Dia das
Mães" pode ser entendida como
uma afirmação do ser humano e
da sua capacidade de aceitação.
Peça: Esperando Beckett
Concepção e direção: Gerald Thomas
Com: Marília Gabriela e Companhia de
Ópera Seca
Quando: estréia hoje, às 21h; qui. a sáb.,
às 21h; dom., às 20h. Até 1º/4
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila
Nova, 245, tel. 0/xx/11/ 256-2281)
Quanto: R$ 10 a R$ 30
Peça: Dia das Mães
Texto: Jeff Baron
Adaptação e direção: Paulo Autran
Com: Karin Rodrigues, Ilana Kaplan,
Patrícia Gaspar, Sônia Guedes, Adriane
Galisteu e Petrônio Gontijo
Quando: estréia hoje, às 21h; qui. a sáb.,
às 21h; dom., às 19h. Até junho
Onde: Faap (r. Alagoas, 903, Pacaembu,
tel. 0/xx/11/3662-1992)
Quanto: R$ 25 a R$ 35
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