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Banda paulistana mostra seu "MTV ao Vivo" em São Paulo e tem seus dois primeiros LPs relançados
O show do disco dos show
Ira! segue em fase de covers e "ao vivo"
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Vivendo e não aprendendo?
Após amargar uma década de desinteresse crescente por parte de
público e gravadoras, em 2001 a
banda paulistana Ira! volta ao
centro. De quebra, tem de retomar hábitos que o radicalismo de
juventude havia repudiado.
Hoje e amanhã, o quarteto ganha um dos maiores palcos de São
Paulo, com o show do disco do
show que a MTV gravou -ao vivo, embora não acústico. "MTV
ao Vivo" em CD já vendeu 100 mil
cópias. Virou fita de vídeo e DVD.
Com farto histórico de desavenças com a ex-gravadora Warner,
hoje a banda parece em paz com a
Abril Music, enquanto vê a antiga
casa relançar em CD, em edições
cuidadosas, seus dois primeiros
discos, "Mudança de Comportamento" (85) e "Vivendo e Não
Aprendendo" (86).
O responsável pelas reedições (e
também de "Amigos Invisíveis",
89, primeiro solo do guitarrista e
letrista Edgard Scandurra, 39) é
Charles Gavin, ex-membro do
grupo e até hoje baterista dos Titãs, banda-prima/rival do Ira!.
Moços que brigavam nos 80
quando tinham de ir ao Chacrinha gastaram parte da terça-feira
passada na TV Record, no programa de Fábio Jr.. Se no Rock in
Rio, em janeiro, cantaram ao vivo,
no Fábio era playback mesmo.
Mudança de comportamento?
"É a segunda vez que fazemos o
Fábio Jr.", explica o vocalista Nasi,
39. "Desta vez é só cantar, da outra tivemos que sentar lá, imitar
animal. Não vou dizer que me
anima, não gosto de fazer TV.
Mas faço, são os ossos do ofício."
O baterista (e ex-Titãs) André
Jung, 40, é mais tênue: "É playback, mas The Who fazia isso na
TV, é assim mesmo. O problema
era mais aonde ir. Íamos ao Chacrinha, ao Bolinha, à Xuxa, e o resultado comercial era nulo. Éramos herméticos, vítimas da nossa
própria arrogância. Demorou a
cair a ficha, gostávamos de nos
achar uma ilha de excelência. Hoje iríamos no Gugu, com certeza".
Scandurra, ao lembrar de "Vivendo e Não Aprendendo", evidencia sem querer as mudanças
de atitude do Ira! de lá para cá:
"Incluir "Gritos na Multidão" e
"Pobre Paulista" em versões ao vivo naquele disco foi uma manobra nossa. Nos arrepiávamos em
ter que fazer playback em programa de TV. Achamos que as palmas iam impedir o playback. Hoje estamos fazendo alguns playbacks do CD ao vivo mesmo (ri)".
"O Ira! começou fazendo punk
rock. Três anos depois, uma garota lhe dá um fora e você faz uma
música de amor. A coisa vai ficando mais pop. Uma gravadora o
contrata, você tem música na novela. As bandas que eu gosto também têm essas fases", divaga.
Os quatro iras celebram a iniciativa de Gavin em remasterizar
seus LPs e enriquecê-los com faixas-bônus. "Foi um trabalho maravilhoso, parece que ele voltou a
ser da banda por uns momentos.
É legal lembrar que já estávamos
dentro do estúdio quando grande
parte dos nossos fãs de hoje nem
havia nascido", diz Edgard.
Justificam por que não colocaram mão na massa, eles mesmos,
para que os relançamentos acontecessem: "Na verdade, nunca fomos de ter muito contato com
gravadora. Agora eles percebem o
momento legal da banda e tomam carona", afirma Edgard.
"Nossa relação com a Warner já
era péssima quando saímos. O
projeto do Charles foi o primeiro
momento em que a gravadora teve uma atitude decente com a
gente", justifica Nasi. "Caímos em
desgraça na Warner, não havia o
que fazer", diz o baixista Ricardo
Gaspa, 42.
Passados um disco de covers e
outro cheio de sucessos regravados, preparam-se para o embate
de manter a maré cheia com um
novo trabalho de estúdio e de inéditas. Falam das perspectivas.
Nasi: "Estamos superanimados
com o disco inédito. Os fãs cobram a gente, muito por causa
dos Titãs, perguntam se vamos ficar iguais a eles".
Edgard: "O novo disco vai poder botar o Ira! nos trilhos de novo, no sentido de que teremos que
voltar a usar nosso discurso em
músicas inéditas".
Gaspa: "Queremos lançar um
disco de inéditas para mostrar
que estamos vivos, com vontade,
com audácia, que é uma das marcas da banda. O Ira! é imprevisível, ninguém sabe o que vai ser".
André: "Cada um vai tendo
idéias muito particulares, na hora
de se reunir e chegar a um consenso é difícil. Acho que teremos
que ser muito mais provocativos
para nos satisfazer agora".
Vivendo e aprendendo?
Show: Ira!
Onde: Directv Music Hall (av. dos
Jamaris, 213, tel. 0/xx/11/3177-3663)
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Quanto: R$ 25
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