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OUTRA FREQUÊNCIA
O ibope de 1993 a 2003 e a queda da Transamérica
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na reviravolta da audiência
dos últimos dez anos, a mais
significativa mudança foi a posição da Transamérica: do primeiro
lugar no início de 1993, caiu para o
17º em 2003.
Fenômeno de ibope e líder intocável no início dos anos 90, a FM
dos 100,1 MHz, voltada ao público
jovem, perdeu o posto em maio
de 1993 para a Transcontinental
(104,7 MHz). Foi na época da explosão do pagode e das estações
voltadas às classes C, D e E.
A partir daí, a queda não parou
mais, nem com o abrandamento
da febre pagodeira. Um levantamento do Ibope mostra o declínio.
Depois do segundo lugar, em
93, veio o terceiro, em 94. Em 95,
um tombo para o oitavo. Nessa
média foi até 99. Já em 2000, outro
susto: a Transamérica sumiu do
ranking das "top 10" e amargou a
12ª posição. Em 2002, foi para a
15ª e atingiu a 17ª neste ano.
Esses números já foram motivo
de muito conflito nos bastidores.
Em meados de 2000, a Transamérica cortou relações com o Ibope,
passando a ser a única das grandes FMs a não pagar pelas pesquisas do instituto. Dizia não concordar com o método de medição.
De lá para cá, houve mudanças
na coleta de dados, a pedido das
emissoras de rádio. Mas a reconciliação entre Ibope e Transamérica ainda hoje parece distante.
Internamente, a FM vive um
grande dilema. O futebol, seu
principal produto comercial, traz
o sustento financeiro, mas não
agrega ouvintes à rádio. Ou seja, o
fã do esporte ouve as transmissões dos jogos, mas passa longe
do restante da programação.
A equipe esportiva, comandada
por Éder Luiz, é um mundo à parte na emissora, com completa autonomia do comando artístico.
A Transamérica já diagnosticou
o problema. Sabe que seu desafio
é dar uma "cara" à programação e
fazer com que a transmissão do
futebol não caia para seu ouvinte
fiel como uma bomba em Bagdá.
E a Transcontinental, que tirou
da Transamérica o topo no ranking do Ibope, também perdeu o
lugar, em 1996, para a Cidade
(96,9 MHz). Essa, mesmo com a
mudança de nome para Sucesso,
manteve-se líder até 2001, quando
foi ultrapassada por outra rádio
popular, a Band FM (96,1 MHz).
Causou surpresa na Ancine
(Agência Nacional de Cinema) a
notícia de que a Abert (associação
de rádios e TVs) debateu com o
ministro Gilberto Gil a dificuldade de AMs e FMs pagarem a Condecine (taxa para a indústria cinematográfica). Segundo a agência,
rádios são isentas do pagamento.
laura@folhasp.com.br
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