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Crítica
Cimino retrata o inferno da guerra
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não raro, o destino de um filme independe de suas qualidades estéticas e, ao contrário, depende muito do que representa
no momento.
Em 1978, "O Franco Atirador" (TCM, 22h; 12 anos) levou
o Oscar não só por virtudes cinematográficas que são claras,
mas por marcar a reconciliação
da América consigo mesma
após a Guerra do Vietnã.
Na ocasião, foi passado para
trás "Amargo Regresso", de Hal
Ashby, que tratava a participação americana no conflito em
termos mais críticos.
Michael Cimino é um diretor
bem mais forte que Ashby, mas
isso não define prêmios.
Sobretudo porque o essencial de "O Franco Atirador" era
relatar o inferno da experiência
na guerra e o retorno como
uma espécie de reencontro,
apesar de tudo, com uma situação paradisíaca.
Até hoje se criticam no filme
inexatidões como a roleta russa
que o vietcongue força os rapazes a praticar.
O fato de não ter acontecido
não muda nada: era o inferno
que Cimino queria e conseguiu
mostrar.
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