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15º É TUDO VERDADE
Filme explora utopia da paz no Oriente Médio
"Budrus" retrata movimento de resistência pacífica de um vilarejo contra o muro que Israel ergue na Cisjordânia
Cineasta brasileira critica cobertura viciada que a mídia faz do conflito palestino-israelense e foca no poder da sociedade civil
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
No território que divide o
mundo e a geopolítica desde o
pós-Guerra, palestinos e israelenses alternam os papéis de
mocinho e bandido de acordo
com enfoque e conveniência.
Ali, predomina o apelo da
guerra, da morte e do jogo político internacional, num ciclo
perverso que aparta dois povos
e transforma negociações de
paz em um projeto impossível.
Em "Budrus", no entanto, a
cineasta Julia Bacha, 29, -brasileira de origem libanesa radicada em Nova York há 12
anos- registra a primeira ação
de resistência pacífica que uniu
palestinos rivais, do Hamas e
do Fatah, a ativistas israelenses
em torno de uma mesma causa:
impedir a construção do muro
que Israel pretendia erguer no
quintal do pequeno vilarejo rural de Budrus, na Cisjordânia.
Ao focar nas ações protagonizadas em 2003 pelos 1.500 habitantes de Budrus, Bacha conta uma história pacifista de sucesso num contexto marcado
pelo ódio e pelo revanchismo.
"Existe um vício da mídia em
cobrir o conflito entre Israel e
Palestina sempre da mesma
maneira, o que deixa de fora as
mobilizações da sociedade civil
e suas conquistas", explica.
Nesse sentido, Bacha não poderia ter feito escolha mais feliz. No lugar do confronto, o líder comunitário de Budrus,
Ayed Morrar, articula manifestações não-violentas para impedir que cercas e muros engulam mais de um quilômetro
quadrado as terras da vila, o que
inclui 3 mil oliveiras e parte do
cemitério local.
A resistência sem violência
dos palestinos cria um impasse
ao exército de Israel, expresso
nos depoimentos da soldado
Yasmina, que integrava a equipe israelense responsável pela
construção do muro. "Somos
como robôs", diz. "E temos ordem para empurrar os manifestantes e darmos continuidade aos trabalhos."
A persistência dos manifestantes de um lado e o imperativo da ordenação militar de outro criam uma tensão que permeia todo o filme.
Aos poucos, ativistas israelenses passam a integrar as
ações em Budrus, transformando-as num marco de cooperação palestino-israelense,
impensável para quem até então só havia conhecido judeus
de arma nas mãos.
Após mais de dez meses de
resistência pacífica, o muro é
desviado das terras de Budrus.
Para Bacha, está aí a prova de
que a paz é um projeto viável.
"A vitória de Obama e o crescimento desse tipo de ação mostram que é possível resolver esse conflito de forma pacífica."
BUDRUS
Direção: Julia Bacha
Quando: Hoje, às 23h, no Reserva
Cultural (haverá sessões dias 10,
11, 15 e 17. Confira a programação
em www.etudoverdade.com.br)
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