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Elisa Stecca lança
experimentalismos
JACKSON ARAUJO
free-lance para a Folha
O segundo dia de desfiles da Semana de Moda foi marcado pelos
experimentalismos de Elisa Stecca
e de uma tomada de rumo por parte de Lorenzo Merlino.
A estilista e designer de jóias Elisa Stecca apresentou uma coleção
centrada na experimentação de
formas, texturas e tecidos.
Stecca abriu a noite ao som de
Siouxie Sioux mixado com Chemical Brothers. Na passarela, uma sequência de looks chamados pela
estilista de "falsa natureza", com
tecidos imitando texturas de madeira. Nesse bloco, as jóias são discretas e aparecem como tiaras e
pulseiras.
A estilista trabalhou bem as fendas e aberturas nos cotovelos e
ombros, quebrando pouco a pouco o minimalismo plástico de suas
coleções anteriores. Um exemplo é
a saia de abertura lateral com abotoamento em pequenas cobras de
metal oxidado.
Os dois looks masculinos foram
dispensáveis. O melhor mesmo é a
sandália em estilo franciscano com
aparência confortável.
Na linha de inspiração nômade,
Stecca usou os tecidos elaborados
pela designer Marúzia Fernandes,
como uma gola de pedacinhos de
viés colados e uma textura feita
com silicone e chenile, quase um
devorê.
Entre as texturas, Stecca aproveitou bem os frufrus de náilon e cria
novos volumes com sobreposição
de transparências. As cores são bege e turquesa.
Entre as jóias, destaque para o
colar com pingentes em vidro
cheios de areia, inspirados na forma das ampulhetas.
Stecca revisitou os anos 80 com a
estrutura da saia balonê que apareceu escorrida e sem volume.
Para finalizar, uma sequência de
looks em roxo.
O desfecho veio over, quase
kitsch, com um vestido de organza
bordado com grandes flores e uma
gola tipo clown em guipure cor de
laranja. O melhor look do desfile.
Depois foi a vez de Lorenzo Merlino mostrar sua coleção "aristocrática decadentista".
Ao som de drum'n base mixado
com Michael Nyman, Merlino iniciou o desfile com uma sequência
de vestidos pesados em tecido emborrachado.
Fiel ao seu estilo, Merlino deslocou costuras e assumiu de vez o
seu gosto por tecidos repuxados,
de aspecto sintético e cores sujas e
escuras.
De fato, parece roupa agora. Se
as costuras repuxam, elas são simétricas. Se os ombros são franzidos, são franzidos com simetria.
A imagem perfeita para sua roupa veio com a não-modelo Luz
Morena. Com um corpo totalmente fora do comum, tronco e costas
largas de estrutura quadrada, Luz
foi quem melhor interpretou a coleção de Merlino, emprestando
uma performance cool e rígida para roupas disformes.
As golas têm um discreto orientalismo e as saias ganham pequenas fendas com delicados encaixes
de tecido brocado.
Nos vestidos tomara-que-caia, o
estilista se arrisca em modelagens
sem as tradicionais barbatanas que
sustentam decotes do gênero.
Nos pés, Merlino melhora as
sandálias com tiras largas e lança
um tênis branco com detalhes em
brocado e cadarços dourados.
O melhor momento foi a calça
em tecido degradê com pences nos
joelhos, desfilado por Alê Marques. Decidido, Merlino confundiu e irritou a platéia com uma coleção de formas secas e cortes esquisitos.
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