MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma época em que os desenhos proliferam na TV, quase sempre cópias pálidas de idéias já não muito boas originalmente, é louvável uma estréia como a de "Kappa Mikey", amanhã, às 18h30, no Nickelodeon.
É o desenho infantil mais amalucado e anárquico surgido na TV desde que o Pernalonga se vestiu de mulher pela primeira vez, nos anos 1940. A animação conta as aventuras de um jovem norte-americano -Mikey Simon- que se mudou para o Japão para ser estrela de um anime (os desenhos japoneses) de super-heróis chamado "Lilymu".
Além da metalinguagem (um desenho que fala sobre a produção de um desenho), chama a atenção em "Kappa Mikey" a sátira aos tradicionais desenhos de heróis japoneses (que ainda fazem a festa das crianças), com personagens que remetem a "Pokémon" e "Dragon Ball Z".
Mikey é o herói do desenho e o único com traço diferente, remetendo à sua origem estrangeira. Sua trupe inclui Gonard (o fortão burro, que é o vilão de "Lilymu"), Guano (um Pikachu reclamão) e as meninas Lily e Mitsuki.
Gerenciando esse grupo e a produção do desenho dentro do desenho está o senhor Ozu, um velho turrão que anda sempre acompanhado de um puxa-saco, o hilário Yes Man -que surge do nada, sempre aos gritos.
Mesmo infantil, "Kappa Mikey" tem um humor que remete aos absurdos do Monty Python -os interlúdios do desenho, por exemplo, são animados por sushis e sashimis dançantes-, mas também um tipo de comédia que é genuinamente oriental (apesar de ser uma produção norte-americana), de programas como "Banzai" -que tinha pegadinhas e quadros completamente fora dos padrões da TV ocidental.
É uma bela variação no cardápio saturado dos desenhos da TV brasileira, tendo tudo para virar o "Pica-Pau" da nova geração.