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Música
Cérebro Eletrônico atualiza tropicalistas
Em seu segundo disco, banda refina as influências do maestro Rogério Duprat
Álbum "Pareço Moderno" traz acentos de bossa nova e vanguarda paulista, entre outras referências, com letras contemporâneas
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
O som da banda Cérebro Eletrônico é assim: tem uma pegada pop-dance-rock embalada
por recursos eletrônicos; um
toque de bossa nova e de Mutantes; algo de vanguarda paulista e letras que caberiam bem
no repertório de intensas experiências pessoais da cantora inglesa Amy Winehouse.
Bem na moda, não? "De maneira nenhuma. Somos retrô!",
afirma o vocalista Tatá Aeroplano, 32. Pois foi com a cabeça
no passado e os pés nas pistas
de dança que o grupo fez seu segundo disco, "Pareço Moderno", que terá show de lançamento hoje, no Sesc Pompéia.
Formado por músicos conhecidos na cena indie paulistana -além do próprio Aeroplano, Dudu Tsuda (teclados), Isidoro Cobra (baixo), Fernando Maranho (guitarra) e Gustavo Souza (bateria)-, o quarteto
retoma as referências tropicalistas do primeiro CD, "Onda
Híbrida Ressonante", e apresenta um álbum com cuidadosa
produção de Alfredo Bello.
Entre as participações, há
convidados como Júpiter Maçã
(leia na página ao lado), Moisés
Santana, André Abujamra e
Gustavo Ruiz (DonaZica).
Classificada como "pós-tropicalista", a estréia recebeu elogios, mas, confrontado ao novo,
era ainda um emaranhado de
influências da tropicália, principalmente de Mutantes, que
apareciam escancaradas em
músicas como "Ar Condicionado" -apesar de mais lenta, impossível não lembrar de "Meu
Refrigerador Não Funciona",
faixa de "A Divina Comédia ou
Ando Meio Desligado", de 1970.
A comparação faz sentido. "A
tropicália é uma grande influência para nós", afirma Aeroplano. "Escutamos muito os
discos feitos pelo [maestro] Rogério Duprat, que tinham uma
liberdade muito grande. No
mesmo LP dos Mutantes, tem
um quase baião, um rock. Não
há uma definição clara para o
estilo das canções."
Referências refinadas
Seguindo essa máxima, o Cérebro Eletrônico retoma as referências de Rita Lee, Arnaldo
Baptista, Caetano Veloso, Tom
Zé, que agora, no entanto, aparecem mais refinadas.
"No primeiro CD, abusamos
das experimentações. Compúnhamos sem saber o que ia
acontecer com a música", lembra o vocalista. "No novo, fazia
as letras e músicas e a gente ensaiava com a idéia de trabalhar
a canção. Não piramos tanto
nos arranjos. Criamos um título, "Pareço Moderno", e, a partir
dele, um conceito."
Essa idéia passa pela mescla
de estilos que abre este texto,
pontuando faixas que falam sobre noitadas à base de café (um
dos vícios de Aeroplano) e temas que perpassam todas as
faixas, como o de "se jogar", seja na balada, como em "Me Atirar na Orgia", seja num precipício ("Sérgio Sampaio, Volta").
O parceiro de Raul Seixas no
disco "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista...", Sérgio Sampaio (1947-1994), aliás, é lembrado em vários momentos de "Pareço Moderno", inclusive
na faixa-título.
E essas referências todas
prometem render mais frutos.
O terceiro disco do Cérebro
Eletrônico já tem nome: "Deus
e o Diabo no Liquidificador".
PAREÇO MODERNO
Artista: Cérebro Eletrônico
Gravadora: Phonobase; R$ 5 a R$ 65
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93,
Água Branca, tel. 0/xx/11/3871-7700; classificação 18 anos)
Quanto: R$ 3 a R$ 12
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