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Paisagem urbana de SP inspira individual de Marco Giannotti
Em "Contraluz", artista expõe pinturas em óleo e têmpera em grande escala
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua nova exposição individual, Marco Giannotti, 43,
mostra que cada vez mais valoriza a técnica em suas pinturas.
Dezesseis delas, feitas entre
2009 e o ano passado, atestam
esse novo momento, em cartaz
no Gabinete de Arte Raquel Arnaud até 13 de junho.
"Quando eu surgi, no final
dos anos 80, toda a minha geração não dava a mínima para a
técnica", conta o pintor paulistano. "Hoje, vendo a produção
daqueles anos, percebo uma
certa ingenuidade. Todas as
pinturas têm um grande frescor, mas essa recusa da técnica
é algo sem justificativa."
Na série atual, Giannotti se
inspirou na fotografia e na configuração urbana de São Paulo
para produzir pinturas em óleo
e têmpera. Boa parte delas é de
grande tamanho -a maior chega a 3,40 m de largura.
"Estava em um período de
intercâmbio acadêmico em Yale [ele é professor da ECA-USP]
e não havia como pintar. Comecei então a fazer fotografias,
uma coisa nova", conta ele. Na
volta para o Brasil, o artista
continuou a tirar fotos.
Parte dessa produção está
exposta no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, até o dia 31 de maio. Nas
imagens, Giannotti fez composições geométricas, em especial
usando grades e tramas quadriculadas.
"Com essa ideia de segurança
a todo custo em São Paulo, as
grades são um elemento muito
presente por toda a cidade. Comecei a coletá-las e a incorporá-las como parte da minha
pintura", diz ele.
Assim, grades retangulares e
quadradas, além de cercas em
forma de losango, são prensadas sobre a superfície das telas.
Por cima delas, são aplicadas
camadas de cor várias vezes.
"Imagino uma cor quando
começo a pintar, mas o resultado sempre é muito diferente do
que foi planejado", afirma
Giannotti. "E isso é importante, mostra um certo descontrole, o acaso no trabalho."
O artista traça um paralelo
entre a falta de horizontes da
cidade, onde o olhar fica muito
fragmentado, e sua produção.
"Por isso dei o nome de "Contraluz" à exposição. As formas
[as grades, por exemplo] que
surgem parecem ser vistas por
frestas, são vestígios, indícios
de algo que passou", afirma.
O artista lança na galeria
"Breve História da Pintura
Contemporânea" (ed. Claridade, R$ 17, 104 págs.), livro destinado a estudantes de artes.
CONTRALUZ - MARCO
GIANNOTTI
Quando: de seg. a sex., das 10h às
19h, e sáb., das 12h às 16h; até 13/6
Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401, tel.
0/xx/11/ 3083-6322); livre
Quanto: entrada franca
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