São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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Paisagem urbana de SP inspira individual de Marco Giannotti

Em "Contraluz", artista expõe pinturas em óleo e têmpera em grande escala

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua nova exposição individual, Marco Giannotti, 43, mostra que cada vez mais valoriza a técnica em suas pinturas. Dezesseis delas, feitas entre 2009 e o ano passado, atestam esse novo momento, em cartaz no Gabinete de Arte Raquel Arnaud até 13 de junho.
"Quando eu surgi, no final dos anos 80, toda a minha geração não dava a mínima para a técnica", conta o pintor paulistano. "Hoje, vendo a produção daqueles anos, percebo uma certa ingenuidade. Todas as pinturas têm um grande frescor, mas essa recusa da técnica é algo sem justificativa." Na série atual, Giannotti se inspirou na fotografia e na configuração urbana de São Paulo para produzir pinturas em óleo e têmpera. Boa parte delas é de grande tamanho -a maior chega a 3,40 m de largura.
"Estava em um período de intercâmbio acadêmico em Yale [ele é professor da ECA-USP] e não havia como pintar. Comecei então a fazer fotografias, uma coisa nova", conta ele. Na volta para o Brasil, o artista continuou a tirar fotos.
Parte dessa produção está exposta no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, até o dia 31 de maio. Nas imagens, Giannotti fez composições geométricas, em especial usando grades e tramas quadriculadas. "Com essa ideia de segurança a todo custo em São Paulo, as grades são um elemento muito presente por toda a cidade. Comecei a coletá-las e a incorporá-las como parte da minha pintura", diz ele.
Assim, grades retangulares e quadradas, além de cercas em forma de losango, são prensadas sobre a superfície das telas. Por cima delas, são aplicadas camadas de cor várias vezes. "Imagino uma cor quando começo a pintar, mas o resultado sempre é muito diferente do que foi planejado", afirma Giannotti. "E isso é importante, mostra um certo descontrole, o acaso no trabalho."
O artista traça um paralelo entre a falta de horizontes da cidade, onde o olhar fica muito fragmentado, e sua produção. "Por isso dei o nome de "Contraluz" à exposição. As formas [as grades, por exemplo] que surgem parecem ser vistas por frestas, são vestígios, indícios de algo que passou", afirma.
O artista lança na galeria "Breve História da Pintura Contemporânea" (ed. Claridade, R$ 17, 104 págs.), livro destinado a estudantes de artes.


CONTRALUZ - MARCO GIANNOTTI

Quando: de seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 12h às 16h; até 13/6
Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401, tel. 0/xx/11/ 3083-6322); livre
Quanto: entrada franca




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