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NOITE ILUSTRADA
Junho é o mês do orgulho gay e do orgulho clubber
ERIKA PALOMINO
A CENA noturna em São Paulo
sofreu no dia primeiro de junho
mais uma blitz policial. Desta vez
o local foi a boate gay SoGo, uma
das mais frequentadas do bairro
dos Jardins. Um grupo de policiais chegou por volta de 1h30 (na
madrugada para sexta) e pediu
para acender a luz do bar de cima,
em busca de drogas e flagrantes
de prostituição. Não acharam nenhum dois dois, mas encontraram garrafas de água mineral
com a validade vencida, que estavam no depósito. O gerente da casa foi levado à 78ª DP com mais
cinco testemunhas e foi autuado
por venda de produtos vencidos.
Quem estava lá (e quem foi para a
delegacia também) diz que viu,
ouviu ou viveu agressões verbais
e físicas, com frases que ninguém
(gay ou não) gosta de ouvir. O
ocorrido foi relatado anteontem
por um dos proprietários da casa,
Luiz Hernane Carvalho, ao secretário da Segurança de São Paulo,
Marco Vinicio Petrelluzzi, que
prometeu investigações. "Resolvi
não ficar calado, senão isso vai se
repetir e todas as casas noturnas
podem sofrer com o nosso silêncio", disse Carvalho. Falei com o
delegado que coordenou a operação, Adriano Rodrigues Caleiro,
que disse que a operação foi feita
"dentro da educação" e que não
houve abuso ou preconceito em
relação à condição homossexual
dos frequentadores. "Eu não presenciei nenhuma dessas cenas.
Pode ser que tenha havido, porque a casa tem muitos cômodos.
Mas, se tivesse mesmo ocorrido,
eu teria ficado sabendo." O delegado disse ainda que, se houve algum abuso, a corregedoria vai
apurar. A visita à casa noturna foi
feita, segundo ele, devido a uma
denúncia de que a casa seria "um
antro de perdição e drogas", com
"atividades libidinosas tipificadas
por casos de prostituição e prática homossexual". Bem, a polícia
deve fazer seu trabalho contra o
tráfico de drogas e a prostituição,
de fato, mas as pessoas que saíram para se divertir devem ser
tratadas com respeito e dignidade, independentemente de sua
opção sexual, claro. De toda forma, a comunidade gay brasileira
parece mais engajada do que
nunca, e já na Internet está rolando um movimento de mobilização pela causa, para que uma
pressão da sociedade garanta a
nós todos, que frequentamos clubes noturnos (gays, mixed ou
straights), um tratamento correto, mesmo durante blitz antidrogas (até porque, na noite, tem
mais gente que não usa drogas do
que gente que usa...). Será que a
SoGo vai se transformar no Stonewall brasileiro (o Stonewall é o
bar em NY cuja invasão policial
deu origem ao movimento do orgulho gay norte-americano)? Talvez sim. Porque vem aí, exatamente dia 25 deste mês, a quarta
Parada do Orgulho Gay de São
Paulo, que promete parar a Paulista. No ano passado fomos 35
mil, este ano a expectativa é de
100 mil pessoas. É uma ótima
ocasião para reclamar por uma
vida mais tranquila para todos.
WAAAAL, e quem disse que em
São Paulo não acontece nada?
Amanhã tem então o Skol Beats,
esse que parece ser o maior evento de dance music já feito no Brasil. Você sabe, são quase 50 DJs,
entre tops da cena internacional e
nacional, em quatro tendas no
autódromo de Interlagos (hoje
uma edição compacta da festa rola em Curitiba). O melhor da festa: andar de uma tenda para a outra, tentando conhecer novos
sons, novas variações dentro de
cada gênero musical e novas pessoas. Acabe com o preconceito
musical e se jogue. Tem convite à
venda por R$ 25 nas lojas Levi's.
Na hora é R$ 35.
TEVE mudança de atração, o Optical está com dor de ouvido e
quem vem é o DJ de jungle Randall.
SÃO 145 mil m2 da pista do Autódromo de Interlagos. Os ambientes foram criados pelo arquiteto Paulus Magnus, com apoio
do artista plástico Fernando Zarif, ambos queridos & talentosos.
O que promete chamar mais a
atenção são as bolhas e o pula-pula gigante da tenda trance. O chão
da sala de chill-out é em xadrez
Burberry e os puffs são tipo minhoca. A guest area (sala VIP), é
um grande aquário.
FRANKIE Knuckles quebrou o
pé e vai tocar sentado, de cadeira
de rodas. Como ninguém aqui é
astro de rock (ainda bem), não há
exigências bizarras nem pedidos
de centenas de toalhas brancas. O
Green Velvet, entretanto, quer
comer costela de búfalo. E duas
polêmicas: 1) o Skol Beats é rave
ou não é?; 2) O comercial de TV é
bão ou não é? E quem disse que,
em São Paulo, não acontece nada? O que foi a festa do Flash Power segunda-feira? E vai demorar
para alguém conseguir encontrar
uma locação como aquela, na estação de trem em frente ao shopping Eldorado. E você estacionava o carro lá e ia a pé até o terminal, novíssimo, moderníssimo,
meio espacial e futurista. A pista
era na passarela de pedestres que
atravessava a marginal em si, com
laser lá dentro e um som absurdo.
No final dela, uma escada que parecia metrô japonês levava à plataforma de embarque, onde folhas de eucalipto, aquecedores e
bancos, com caixas de som trazendo o som da pista em si.
Tipo incrível, fiquei de queixo
caído o tempo todo com o lugar,
os trens passando, os carros na
marginal... Problemas: os banheiros complicados, os bares entupidos (como sempre em festa com
bebida free), o povo desmaiando
(idem) e "la policia", que baixou
às 3h30 acabando com a festa, devido a reclamações dos vizinhos.
Melhor para a mitologia da festa,
acho.
O que não pode: anunciar DJs
"surpresa" no convite. Surpresa é
se eles tivessem trazido o Fatboy
Slim, o Carl Cox, o Moby, o
Danny Tenagila. Quem tocou foram o Henan Cattaneo, Gabo &
Denise, Leozinho. Surpresa para
quem, então? Diz que são DJs da
Hypno e tudo bem, as pessoas
vão do mesmo jeito.
E teve também no sábado o
simpático aniversário do Pix,
com a nova cabine e a sala VIP fofinha. Underground sem decadência, charme e sensação de clubinho. Luma barrou na porta um
grupo de descolados, alegando
que eles não costumavam ir lá e
que a festa, fechada, era para os
frequentadores assíduos do lugar. Foi também a estréia da coluna de Alê Breve: com placa comemorativa e tudo, trata-se da pilastra onde ele sempre fica encostado a noite toda...! Cultura club é
isso.
E a Cami disse que o Club é lindo, com a sala VIP daquelas "para
ver e ser visto", com décor realmente clean e de bom gosto. Na
estréia, anteontem, show de um
projeto de Marky Mark e Manoel
Vanni. Confira: Gomes de Carvalho, 560.
HOJE TEM after-hours no DJ
Club com o promoter Nenê, com
Gloob, Lisboa Vice, Techjun e
Mr. Gil.
SEGUNDA tem aniversário do
Lov.e. Quem vai tocar são os residentes do clube e também alguns
convidados. E ainda no Lov.e,
quinta-feira tem aniversário do
DJ Marky Mark.
E TERÇA tem a festa black-tie dos
25 anos da "Vogue", no Jockey
Club. E diz que na Daslu não tem
mais nada, menina, de vestido
longo... Cenografia de Felippe
Crescenti, que vai encher o terraço de velas e luzes.
Na área onde são realizadas as
apostas, o designer Muti Randolph criou uma pista de dança
com tecidos op-art. No salão, música tipo big bands e, no andar de
baixo, Pil Marques, Felipe Venancio e André Juliani. Mais uma
produção do multiman Cacá Ribeiro.
E-mail - palomino@uol.com.br
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