São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2000


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NOITE ILUSTRADA
Junho é o mês do orgulho gay e do orgulho clubber

ERIKA PALOMINO

A CENA noturna em São Paulo sofreu no dia primeiro de junho mais uma blitz policial. Desta vez o local foi a boate gay SoGo, uma das mais frequentadas do bairro dos Jardins. Um grupo de policiais chegou por volta de 1h30 (na madrugada para sexta) e pediu para acender a luz do bar de cima, em busca de drogas e flagrantes de prostituição. Não acharam nenhum dois dois, mas encontraram garrafas de água mineral com a validade vencida, que estavam no depósito. O gerente da casa foi levado à 78ª DP com mais cinco testemunhas e foi autuado por venda de produtos vencidos. Quem estava lá (e quem foi para a delegacia também) diz que viu, ouviu ou viveu agressões verbais e físicas, com frases que ninguém (gay ou não) gosta de ouvir. O ocorrido foi relatado anteontem por um dos proprietários da casa, Luiz Hernane Carvalho, ao secretário da Segurança de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi, que prometeu investigações. "Resolvi não ficar calado, senão isso vai se repetir e todas as casas noturnas podem sofrer com o nosso silêncio", disse Carvalho. Falei com o delegado que coordenou a operação, Adriano Rodrigues Caleiro, que disse que a operação foi feita "dentro da educação" e que não houve abuso ou preconceito em relação à condição homossexual dos frequentadores. "Eu não presenciei nenhuma dessas cenas. Pode ser que tenha havido, porque a casa tem muitos cômodos. Mas, se tivesse mesmo ocorrido, eu teria ficado sabendo." O delegado disse ainda que, se houve algum abuso, a corregedoria vai apurar. A visita à casa noturna foi feita, segundo ele, devido a uma denúncia de que a casa seria "um antro de perdição e drogas", com "atividades libidinosas tipificadas por casos de prostituição e prática homossexual". Bem, a polícia deve fazer seu trabalho contra o tráfico de drogas e a prostituição, de fato, mas as pessoas que saíram para se divertir devem ser tratadas com respeito e dignidade, independentemente de sua opção sexual, claro. De toda forma, a comunidade gay brasileira parece mais engajada do que nunca, e já na Internet está rolando um movimento de mobilização pela causa, para que uma pressão da sociedade garanta a nós todos, que frequentamos clubes noturnos (gays, mixed ou straights), um tratamento correto, mesmo durante blitz antidrogas (até porque, na noite, tem mais gente que não usa drogas do que gente que usa...). Será que a SoGo vai se transformar no Stonewall brasileiro (o Stonewall é o bar em NY cuja invasão policial deu origem ao movimento do orgulho gay norte-americano)? Talvez sim. Porque vem aí, exatamente dia 25 deste mês, a quarta Parada do Orgulho Gay de São Paulo, que promete parar a Paulista. No ano passado fomos 35 mil, este ano a expectativa é de 100 mil pessoas. É uma ótima ocasião para reclamar por uma vida mais tranquila para todos.

WAAAAL, e quem disse que em São Paulo não acontece nada? Amanhã tem então o Skol Beats, esse que parece ser o maior evento de dance music já feito no Brasil. Você sabe, são quase 50 DJs, entre tops da cena internacional e nacional, em quatro tendas no autódromo de Interlagos (hoje uma edição compacta da festa rola em Curitiba). O melhor da festa: andar de uma tenda para a outra, tentando conhecer novos sons, novas variações dentro de cada gênero musical e novas pessoas. Acabe com o preconceito musical e se jogue. Tem convite à venda por R$ 25 nas lojas Levi's. Na hora é R$ 35.

TEVE mudança de atração, o Optical está com dor de ouvido e quem vem é o DJ de jungle Randall.

SÃO 145 mil m2 da pista do Autódromo de Interlagos. Os ambientes foram criados pelo arquiteto Paulus Magnus, com apoio do artista plástico Fernando Zarif, ambos queridos & talentosos. O que promete chamar mais a atenção são as bolhas e o pula-pula gigante da tenda trance. O chão da sala de chill-out é em xadrez Burberry e os puffs são tipo minhoca. A guest area (sala VIP), é um grande aquário.

FRANKIE Knuckles quebrou o pé e vai tocar sentado, de cadeira de rodas. Como ninguém aqui é astro de rock (ainda bem), não há exigências bizarras nem pedidos de centenas de toalhas brancas. O Green Velvet, entretanto, quer comer costela de búfalo. E duas polêmicas: 1) o Skol Beats é rave ou não é?; 2) O comercial de TV é bão ou não é? E quem disse que, em São Paulo, não acontece nada? O que foi a festa do Flash Power segunda-feira? E vai demorar para alguém conseguir encontrar uma locação como aquela, na estação de trem em frente ao shopping Eldorado. E você estacionava o carro lá e ia a pé até o terminal, novíssimo, moderníssimo, meio espacial e futurista. A pista era na passarela de pedestres que atravessava a marginal em si, com laser lá dentro e um som absurdo. No final dela, uma escada que parecia metrô japonês levava à plataforma de embarque, onde folhas de eucalipto, aquecedores e bancos, com caixas de som trazendo o som da pista em si. Tipo incrível, fiquei de queixo caído o tempo todo com o lugar, os trens passando, os carros na marginal... Problemas: os banheiros complicados, os bares entupidos (como sempre em festa com bebida free), o povo desmaiando (idem) e "la policia", que baixou às 3h30 acabando com a festa, devido a reclamações dos vizinhos. Melhor para a mitologia da festa, acho. O que não pode: anunciar DJs "surpresa" no convite. Surpresa é se eles tivessem trazido o Fatboy Slim, o Carl Cox, o Moby, o Danny Tenagila. Quem tocou foram o Henan Cattaneo, Gabo & Denise, Leozinho. Surpresa para quem, então? Diz que são DJs da Hypno e tudo bem, as pessoas vão do mesmo jeito. E teve também no sábado o simpático aniversário do Pix, com a nova cabine e a sala VIP fofinha. Underground sem decadência, charme e sensação de clubinho. Luma barrou na porta um grupo de descolados, alegando que eles não costumavam ir lá e que a festa, fechada, era para os frequentadores assíduos do lugar. Foi também a estréia da coluna de Alê Breve: com placa comemorativa e tudo, trata-se da pilastra onde ele sempre fica encostado a noite toda...! Cultura club é isso. E a Cami disse que o Club é lindo, com a sala VIP daquelas "para ver e ser visto", com décor realmente clean e de bom gosto. Na estréia, anteontem, show de um projeto de Marky Mark e Manoel Vanni. Confira: Gomes de Carvalho, 560.

HOJE TEM after-hours no DJ Club com o promoter Nenê, com Gloob, Lisboa Vice, Techjun e Mr. Gil.

SEGUNDA tem aniversário do Lov.e. Quem vai tocar são os residentes do clube e também alguns convidados. E ainda no Lov.e, quinta-feira tem aniversário do DJ Marky Mark.

E TERÇA tem a festa black-tie dos 25 anos da "Vogue", no Jockey Club. E diz que na Daslu não tem mais nada, menina, de vestido longo... Cenografia de Felippe Crescenti, que vai encher o terraço de velas e luzes.
Na área onde são realizadas as apostas, o designer Muti Randolph criou uma pista de dança com tecidos op-art. No salão, música tipo big bands e, no andar de baixo, Pil Marques, Felipe Venancio e André Juliani. Mais uma produção do multiman Cacá Ribeiro.
E-mail - palomino@uol.com.br


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