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MÚSICA
Após seis anos sem fazer shows, cantora lança "Acústico MTV", com a inédita "Sugar", e se afasta de "elitismo"
Marina Lima tenta "refazer elo com Brasil"
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O "Acústico MTV" desta vez é
de Marina Lima, 47, e a própria
artista admite que sentiu desconforto e hesitação em se engajar no
projeto de revisão de sucessos em
versão desligada da tomada.
"Se eu não tivesse me ausentado
e ficado seis anos sem fazer show,
talvez não fizesse esse tipo de trabalho. Fiquei um pouco desconfortável a princípio, com medo de
me revisitar, de isso ser um retrocesso", explica, afirmando que
não possui todos os seus próprios
discos e que não se interessa pelo
próprio passado.
Por que, então? Marina diz que
pensou em sua ausência no final
dos anos 90, quando passou por
problemas vocais de fundo psicológico, e na interrupção de comunicação que tal ausência provocou para público brasileiro. "Esse
é um projeto vitorioso, a menina
dos olhos da MTV. Mesmo com a
crise do disco, agrada a qualquer
classe social", ela reconhece.
E conclui: "É uma forma de eu
conseguir fazer de novo um elo
com o Brasil e com o povo brasileiro. Não quero ser uma cantora
de elite, se isso acontecer terá fracassado minha profissão".
Seu "Acústico" segue o formato
MTV: uma maioria de sucessos
retirados de alguns de seus 16 discos, um ou outro lado B (como
"Prestes a Voar", de 87), convidados especiais (Martinho da Vila,
Fernanda Porto, Alvin L., o baixista Liminha), poucas inéditas.
Falando dessas últimas, Marina
explicita o contraste entre a direção mais eletrônica que sua carreira vem tomando e a necessidade de ser acústica no show, CD e
DVD para a MTV.
O contraste acomete, por exemplo, a inédita "Sugar", que foi testada nas rádios sem maiores repercussões -e a versão de "Fullgás" (84) já tomou seu lugar nas
"hit parades" radiofônicas.
""Sugar" é uma balada toda eletrônica, toda vazia. Foi para o
"Acústico" e ficou uma balada babada, de que não gosto. Gosto da
música, mas não naquele formato", autocritica-se.
Se o mundo ficou mais eletrônico em anos recentes, ficou também mais visual -é nesse raciocínio que ela se apóia para, uma
vez mais, justificar o enlace com o
projeto.
"Antes você enlouquecia as pessoas só com a audição, agora o
mundo ficou muito visual. Há
muita sedução, muito truque. O
sistema ficou aprisionador, o
mundo mudou. Você pode negar
ou ficar louco, mas eu gosto de viver nesta época. Estou no jogo. Será meu primeiro DVD", diz.
Outro tipo de contraste acontece no convite a Martinho da Vila,
que até canta um trecho de sua
"Tom Maior" (68), mas está ali
mais para apresentar o samba
moderno (e inédito) "Arco de
Luz", de Marina com seu irmão
Antonio Cícero.
"Quis mostrar ao Martinho que
o convite não era uma coisa oportunista. Ele é um mestre, um professor, há muitos anos eu queria
chamá-lo para fazer alguma coisa", afirma Marina.
"Não me rendi ao formato, e a
MTV me deixou à vontade para
eu fazer como eu queria", justifica
a artista, referindo-se também ao
fato de seu "Acústico" não usar
orquestras de cordas habituais
nesses especiais. "Eles me disseram que às vezes até fazem sugestões ao artista, mas que aquele
não era o meu caso."
Por essas brechas, diz, pôde domar o desconforto e a hesitação
iniciais mencionados. "Minha
preocupação foi achar um denominador comum, pelo qual não
me sentisse traída nem traísse as
pessoas da MTV."
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