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Ayres dá boas-vindas ao "Mantiqueira"
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
"É mais ou menos como você
ter um filho que vai viajar para o
exterior, fica três anos e depois
volta. É como ver uma pessoa
querida voltando". Com essa analogia, o pianista Nelson Ayres expressa o tamanho de sua alegria
ao ver relançado o álbum "Mantiqueira", clássico da música instrumental que só agora, mais de
24 anos depois, ganha formato
em CD remasterizado.
"É um disco que sempre gostei
muito porque até hoje soa contemporâneo. A qualidade da gravação é boa, e a atuação dos músicos nem se fala. Sempre me frustrou não tê-lo em CD. Finalmente... saiu", diz Ayres.
Os longos anos consumidos até
o disco deixar a prateleira dos vinis para entrar na dos CD devem-se, em parte, às negociações para a
compra dos direitos de "Mantiqueira" da extinta Som da Gente.
"A gravadora que o lançou está
fechada há muitos anos. Eles não
tinham muito interesse em fazer
nada. E é o tipo da coisa que você
vai deixando para outra hora",
conta Ayres. "Quando lancei "Perto do Coração", houve uma certa
pressão popular para eu relançar
o "Mantiqueira". Negociei com
eles e comprei os direitos. O processo todo foi relativamente fácil.
Era só uma questão de discutir
preço. Levou uns seis meses."
Para comemorar a volta desse
"filho querido", que chega às lojas
pela Atração Fonográfica, Ayres
faz uma apresentação única hoje
no Sesc Pinheiros, em São Paulo.
A celebração tem o endosso de
um impecável quarteto de saxofonistas: Roberto Sion, Hector Costita, Nivaldo Ornelas e Teco Cardoso -os dois primeiros participaram da gravação do álbum original, em 81. A apresentação traz
ainda o guitarrista Cláudio Celso
e os integrantes do Nelson Ayres
Trio: o baixista Rogério Botter
Maio e o baterista Bob Wyatt.
"Eu sempre trabalhei com saxofonistas fantásticos. Tenho uma
história com eles há muitos anos.
Então resolvi fazer uma festa de
saxofonistas. Vamos juntar quatro grandes e quero ver eles se "pegarem" lá", brinca Ayres.
Do disco, o pianista mostra "Só
Xote", "Caminho de Casa",
"Mantiqueira", "Cedo de Manhã"
e "A Arte de Voar", inspiradas em
cenários da serra da Mantiqueira.
"É uma coisa que nasceu naturalmente e é outra razão pela qual
eu gosto muito do disco. Sou de
capricórnio e, você sabe, os bodes
adoram subir nos morros. Sempre tive essa fascinação pela serra.
Esse repertório veio como uma
inspiração supernatural. Para
mim, o disco tem o encanto de ser
algo ligado à minha alma."
No show, há ainda "Conversa
de Botequim", de Noel Rosa, e
canções do mestre Moacir Santos
interpretadas com Teco Cardoso.
E Ayres anuncia outra boa notícia: deve sair no começo de agosto
um novo CD do Pau Brasil -grupo formado por ele, Teco Cardoso
(sax e flauta), Paulo Bellinati (violão), Rodolfo Stroeter (baixo) e
Ricardo Mosca (bateria) que recentemente voltou a fazer shows.
"Acabamos de sair do estúdio.
Ficamos trancados uma semana,
gravamos um disco novo, com alguns inéditos e sucessos que marcaram o grupo."
Nelson Ayres
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195,
Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: R$ 15
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