São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2005

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Ayres dá boas-vindas ao "Mantiqueira"

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

"É mais ou menos como você ter um filho que vai viajar para o exterior, fica três anos e depois volta. É como ver uma pessoa querida voltando". Com essa analogia, o pianista Nelson Ayres expressa o tamanho de sua alegria ao ver relançado o álbum "Mantiqueira", clássico da música instrumental que só agora, mais de 24 anos depois, ganha formato em CD remasterizado.
"É um disco que sempre gostei muito porque até hoje soa contemporâneo. A qualidade da gravação é boa, e a atuação dos músicos nem se fala. Sempre me frustrou não tê-lo em CD. Finalmente... saiu", diz Ayres.
Os longos anos consumidos até o disco deixar a prateleira dos vinis para entrar na dos CD devem-se, em parte, às negociações para a compra dos direitos de "Mantiqueira" da extinta Som da Gente.
"A gravadora que o lançou está fechada há muitos anos. Eles não tinham muito interesse em fazer nada. E é o tipo da coisa que você vai deixando para outra hora", conta Ayres. "Quando lancei "Perto do Coração", houve uma certa pressão popular para eu relançar o "Mantiqueira". Negociei com eles e comprei os direitos. O processo todo foi relativamente fácil. Era só uma questão de discutir preço. Levou uns seis meses."
Para comemorar a volta desse "filho querido", que chega às lojas pela Atração Fonográfica, Ayres faz uma apresentação única hoje no Sesc Pinheiros, em São Paulo. A celebração tem o endosso de um impecável quarteto de saxofonistas: Roberto Sion, Hector Costita, Nivaldo Ornelas e Teco Cardoso -os dois primeiros participaram da gravação do álbum original, em 81. A apresentação traz ainda o guitarrista Cláudio Celso e os integrantes do Nelson Ayres Trio: o baixista Rogério Botter Maio e o baterista Bob Wyatt.
"Eu sempre trabalhei com saxofonistas fantásticos. Tenho uma história com eles há muitos anos. Então resolvi fazer uma festa de saxofonistas. Vamos juntar quatro grandes e quero ver eles se "pegarem" lá", brinca Ayres.
Do disco, o pianista mostra "Só Xote", "Caminho de Casa", "Mantiqueira", "Cedo de Manhã" e "A Arte de Voar", inspiradas em cenários da serra da Mantiqueira.
"É uma coisa que nasceu naturalmente e é outra razão pela qual eu gosto muito do disco. Sou de capricórnio e, você sabe, os bodes adoram subir nos morros. Sempre tive essa fascinação pela serra. Esse repertório veio como uma inspiração supernatural. Para mim, o disco tem o encanto de ser algo ligado à minha alma."
No show, há ainda "Conversa de Botequim", de Noel Rosa, e canções do mestre Moacir Santos interpretadas com Teco Cardoso.
E Ayres anuncia outra boa notícia: deve sair no começo de agosto um novo CD do Pau Brasil -grupo formado por ele, Teco Cardoso (sax e flauta), Paulo Bellinati (violão), Rodolfo Stroeter (baixo) e Ricardo Mosca (bateria) que recentemente voltou a fazer shows.
"Acabamos de sair do estúdio. Ficamos trancados uma semana, gravamos um disco novo, com alguns inéditos e sucessos que marcaram o grupo."


Nelson Ayres
Quando:
hoje, às 21h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: R$ 15


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