São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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Marabá acontece na av. Ipiranga com a São João

Cinema reinaugurado no centro já recebeu mais de 7.000 espectadores, superando alguns multiplex em shoppings

Reaberto há 11 dias, o cine Marabá, no centro de São Paulo, atraiu um misto de curiosos e de saudosos dos velhos tempos


IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O que acontece na quase esquina da Ipiranga com a São João? Desde o fim de semana retrasado, o velho Marabá tenta acontecer. E, boa notícia, parece estar conseguindo: em seus primeiros nove dias de funcionamento, o Marabá teve 7.100 pagantes em suas cinco salas, superando as expectativas da rede PlayArte.
Na primeira semana de funcionamento, de 30/5 (sábado) a 5/6 (sexta), foram 4.800 espectadores, batendo inclusive outros complexos da PlayArte: o multiplex do shopping Plaza Sul, que tem uma sala a mais, fez 4.500 espectadores no mesmo período, enquanto o shopping ABC recebeu 4.300.
Esperava-se, segundo a rede exibidora, 1.500 pessoas no primeiro fim-de-semana, e os números chegaram a 1.800 no sábado e 1.400 no domingo. Os filmes mais procurados foram "Uma Noite no Museu 2" e "Killshot - Tiro Certo".
Isso, apesar dos problemas sociais crônicos do centro paulistano. "Vi um grupinho de meninos cheirando cola ali." "Ali onde?" "Bem na esquina da Ipiranga com a São João", responde o publicitário Rafael Guimarães, 30, que foi ao centro conhecer o cinema na tarde de anteontem.
"Preferimos vir agora do que à noite", explica sua namorada, Maria Eugênia Rigitano, relações-públicas de 31 anos. "Mas achei o cinema bem bacana."

Tão bom quanto antes?
Um tipo bastante comum no Marabá é o do eletricitário aposentado João Batista dos Santos: senhores e senhoras da terceira idade que vão checar se o cinema está à altura de suas memórias. "Vinha nessa sala há sessenta anos. Era tudo acolchoado, chique... Depois desapareceu. Agora está melhor que o shopping. Dou nota 10", diz o homem de 88 anos que assistiu a "O Exterminador do Futuro -°A Salvação".
E outro tipo comum, pelo menos nesses primeiros dias, é o de Sabrina Stenzel, 40. Moradora do centro, ela achou tudo muito caro e deu meia volta. "A R$ 14 o ingresso não dá. Mais a pipoca, mais o refrigerante... Como eles querem que a gente venha no cinema a esse preço?"

Deselegância discreta
A pipoca e o refrigerante, aliás, ocupam um lugar de maior destaque que o dos filmes neste novo Marabá. Basta olhar para a foto ao lado, do saguão do cinema, para ver o tamanho um tanto exagerado da bombonière.
As bilheterias ficam à direita e são bem menos chamativas do que as telas azuladas que anunciam combos de R$ 19 (uma pipoca grande e dois refrigerantes médios) ou R$ 12,50 (uma pipoca média e um refri médio).
A vendinha, aliás, é tão grande que esconde o lustre de cristal original de 1945, caso você chegue perto o suficiente para poder escolher o tamanho do saquinho de pipoca. É a dura poesia concreta da bombonière do Marabá.


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