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Marabá acontece na av. Ipiranga com a São João
Cinema reinaugurado no centro já recebeu mais de 7.000
espectadores, superando alguns multiplex em shoppings
Reaberto há 11 dias,
o cine Marabá, no centro
de São Paulo, atraiu um misto de curiosos e de saudosos dos velhos tempos
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O que acontece na quase esquina da Ipiranga com a São
João? Desde o fim de semana
retrasado, o velho Marabá tenta acontecer. E, boa notícia, parece estar conseguindo: em
seus primeiros nove dias de
funcionamento, o Marabá teve
7.100 pagantes em suas cinco
salas, superando as expectativas da rede PlayArte.
Na primeira semana de funcionamento, de 30/5 (sábado) a
5/6 (sexta), foram 4.800 espectadores, batendo inclusive outros complexos da PlayArte: o
multiplex do shopping Plaza
Sul, que tem uma sala a mais,
fez 4.500 espectadores no mesmo período, enquanto o shopping ABC recebeu 4.300.
Esperava-se, segundo a rede
exibidora, 1.500 pessoas no primeiro fim-de-semana, e os números chegaram a 1.800 no sábado e 1.400 no domingo. Os
filmes mais procurados foram
"Uma Noite no Museu 2" e
"Killshot - Tiro Certo".
Isso, apesar dos problemas
sociais crônicos do centro paulistano. "Vi um grupinho de
meninos cheirando cola ali."
"Ali onde?" "Bem na esquina da
Ipiranga com a São João", responde o publicitário Rafael
Guimarães, 30, que foi ao centro conhecer o cinema na tarde
de anteontem.
"Preferimos vir agora do que
à noite", explica sua namorada,
Maria Eugênia Rigitano, relações-públicas de 31 anos. "Mas
achei o cinema bem bacana."
Tão bom quanto antes?
Um tipo bastante comum no
Marabá é o do eletricitário aposentado João Batista dos Santos: senhores e senhoras da terceira idade que vão checar se o
cinema está à altura de suas
memórias. "Vinha nessa sala há
sessenta anos. Era tudo acolchoado, chique... Depois desapareceu. Agora está melhor que
o shopping. Dou nota 10", diz o
homem de 88 anos que assistiu
a "O Exterminador do Futuro
-°A Salvação".
E outro tipo comum, pelo
menos nesses primeiros dias, é
o de Sabrina Stenzel, 40. Moradora do centro, ela achou tudo
muito caro e deu meia volta. "A
R$ 14 o ingresso não dá. Mais a
pipoca, mais o refrigerante...
Como eles querem que a gente
venha no cinema a esse preço?"
Deselegância discreta
A pipoca e o refrigerante,
aliás, ocupam um lugar de
maior destaque que o dos filmes neste novo Marabá. Basta
olhar para a foto ao lado, do saguão do cinema, para ver o tamanho um tanto exagerado da
bombonière.
As bilheterias ficam à direita
e são bem menos chamativas
do que as telas azuladas que
anunciam combos de R$ 19
(uma pipoca grande e dois refrigerantes médios) ou R$
12,50 (uma pipoca média e um
refri médio).
A vendinha, aliás, é tão grande que esconde o lustre de cristal original de 1945, caso você
chegue perto o suficiente para
poder escolher o tamanho do
saquinho de pipoca. É a dura
poesia concreta da bombonière
do Marabá.
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