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CRÍTICA FOTOGRAFIA
Wesely registra fantasmagoria do presente
Técnica de alemão que fotografa com maior tempo de exposição sobrepõe imagens diversas em obra única
GUILHERME WISNIK
ESPECIAL PARA A FOLHA
O fotógrafo alemão Michael Wesely causou impacto no Brasil quando, na 25ª
Bienal, em 2002, mostrou fotos retratando o processo de
reconstrução da Potsdamer
Platz, em Berlim.
Produzindo imagens fantasmáticas, que registram
com nitidez objetos parados
e com infinitos graus de indefinição corpos que se movem, traz temporalidade para a fotografia, dando a ela
atributos de cinema.
Mas, ao mesmo tempo, elimina a sequência narrativa,
plasmando a duração temporal em uma imagem única.
Wesely começou a dilatar
o tempo das fotos nos anos
80 em uma série de retratos
de cinco minutos. Na década
seguinte, chegou às magistrais fotos urbanas com duração de até três anos.
No caso da praça berlinense, a reunificação da cidade
parece ilusória em estratos
espaço-temporais esgarçados que se mostram uma fantasmagoria do presente.
Em "Time Works", uma foto da série aparece ao lado de
outra mais recente, que retrata a demolição do Palácio da
República. No caso, o tempo
trabalha ao contrário: é um
monumento que se desfaz.
O resto da exposição traz
um novo Wesely, que volta a
olhar para a escala humana
em cenas de pessoas que
veem quadros em museus ou
paisagens em pontes (o olhar
sobre quem olha).
Aqui a presença humana
deixa rastros legíveis em temas metalinguísticos. Depois da metafísica monumental, volta a vida mundana. Pois a longa exposição é
apenas um procedimento. O
que fica é a percepção de que
o tempo não é mensurável. E
em poucos instantes são
muitas as vidas que vivemos.
GUILHERME WISNIK é crítico de
arquitetura.
TIME WORKS
QUANDO de ter. a sex., das 11h às
19h, sáb., das 11h, às 17h; até 7/7
ONDE galeria Oscar Cruz (r.
Clodomiro Amazonas, 526, tel. 0/
xx/11/3167-0833)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO não informada
JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no caderno Copa 2010.
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