São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2010

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CRÍTICA FOTOGRAFIA

Wesely registra fantasmagoria do presente

Técnica de alemão que fotografa com maior tempo de exposição sobrepõe imagens diversas em obra única

GUILHERME WISNIK
ESPECIAL PARA A FOLHA

O fotógrafo alemão Michael Wesely causou impacto no Brasil quando, na 25ª Bienal, em 2002, mostrou fotos retratando o processo de reconstrução da Potsdamer Platz, em Berlim.
Produzindo imagens fantasmáticas, que registram com nitidez objetos parados e com infinitos graus de indefinição corpos que se movem, traz temporalidade para a fotografia, dando a ela atributos de cinema.
Mas, ao mesmo tempo, elimina a sequência narrativa, plasmando a duração temporal em uma imagem única. Wesely começou a dilatar o tempo das fotos nos anos 80 em uma série de retratos de cinco minutos. Na década seguinte, chegou às magistrais fotos urbanas com duração de até três anos.
No caso da praça berlinense, a reunificação da cidade parece ilusória em estratos espaço-temporais esgarçados que se mostram uma fantasmagoria do presente. Em "Time Works", uma foto da série aparece ao lado de outra mais recente, que retrata a demolição do Palácio da República. No caso, o tempo trabalha ao contrário: é um monumento que se desfaz.
O resto da exposição traz um novo Wesely, que volta a olhar para a escala humana em cenas de pessoas que veem quadros em museus ou paisagens em pontes (o olhar sobre quem olha).
Aqui a presença humana deixa rastros legíveis em temas metalinguísticos. Depois da metafísica monumental, volta a vida mundana. Pois a longa exposição é apenas um procedimento. O que fica é a percepção de que o tempo não é mensurável. E em poucos instantes são muitas as vidas que vivemos.

GUILHERME WISNIK é crítico de arquitetura.


TIME WORKS

QUANDO de ter. a sex., das 11h às 19h, sáb., das 11h, às 17h; até 7/7
ONDE galeria Oscar Cruz (r. Clodomiro Amazonas, 526, tel. 0/ xx/11/3167-0833)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO não informada




JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no caderno Copa 2010.




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