CYNARA MENEZES
enviada especial a Goiás Velho (GO)

O curta-metragem "Recife de Dentro Para Fora", da cineasta pernambucana Kátia Mesel, foi o grande vencedor do 1º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, encerrado domingo à noite na cidade histórica de Goiás Velho, a 135 km de Goiânia.
O filme, um documentário sobre o rio Capibaribe baseado no poema "Cão Sem Plumas", de João Cabral de Mello Neto, ganhou o Grande Prêmio Cora Coralina, no valor de R$ 20 mil -uma homenagem à também poeta, morta em 85, natural de Goiás Velho.
Desde o dia da exibição, na sexta-feira à noite, que o júri internacional do festival (com representantes da Espanha, Alemanha e Cuba) se mostrava impressionado e admitia o franco favoritismo do filme de Mesel ao prêmio principal. "Recife de Dentro Para Fora" já havia recebido mais de 15 prêmios anteriormente.
O troféu Carmo Bernardes de longa-metragem, no valor de R$ 10 mil, foi para "Darsena Sur", do argentino Pablo Reyeres, que trata da degradação do meio ambiente causada por uma refinaria no subúrbio de Buenos Aires.
Foram também premiados "Le Pari Burkinabé", de Alice Andrade, entre os médias, e "Nord-Sud", de Dominique Soyer (França), entre os curtas. Foi considerada a melhor produção goiana "A Lenda da Árvore Sagrada", de Eládio Telles.
O Fica reuniu, de quarta até domingo em Goiás Velho, cerca de 200 realizadores e convidados, entre brasileiros e estrangeiros, que lotaram os poucos hotéis da cidade de cerca de 30 mil habitantes.
Um dos resultados dos debates promovidos foi a criação de um Círculo Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, cuja gestão ficará, a princípio, a cargo dos organizadores brasileiros do festival.
Outra idéia apresentada foi a do "merchandising ecológico" -introdução direta ou subliminar nos roteiros dos filmes (ainda que tratem de temas diversos) de conceitos básicos de educação ambiental, como manter a cidade limpa ou evitar o desperdício de água e energia elétrica.