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Clichê latino-americano é debatido em melhor mesa de despedida da Flip
Ignacio Padilla e Rodrigo Fresán falaram da "morte do realismo mágico"
DOS ENVIADOS A PARATY
A melhor mesa do último dia
da Flip foi a que reuniu o mexicano Ignacio Padilla e o argentino Rodrigo Fresán.
Com a tarefa de discutir um
tema batido, a tão falada "morte do realismo mágico", ambos
usaram de ironia e erudição para contextualizar a tradição latino-americana e, ao mesmo
tempo, diluir os estereótipos
construídos a partir da publicação de "Cem Anos de Solidão",
de Gabriel García Márquez.
Os dois aproveitaram para
atacar a simplificação que se faz
dos caminhos escolhidos pela
nova geração de autores latino-americanos. Falaram especificamente do grupo do "crack"
mexicano e a "McOndo", criada
pelo chileno Alberto Fuguet.
Os dois movimentos são hoje
tidos como revoltas contra o
"realismo mágico". Fresán e
Padilla reafirmaram que não se
trata disso.
"Não tenho nenhum problema com o realismo mágico, mas
sim com o fato de me perguntarem sempre se tenho algo contra o realismo mágico", disse,
com ironia, Padilla. Já Fresán
foi mais agressivo. "Não me
preocupo em ter de responder
sobre o realismo mágico até
morrer, mas sim que a pergunta venha de todo mundo, acadêmicos, jornalistas, público."
Ambos comentaram uma característica comum aos novos
autores do continente, o fato de
não se preocuparem em localizar os romances em seus países
de origem. "Jardins de Kensington", de Fresán, se passa na
Inglaterra dos anos 60 e na era
vitoriana. Já os dois mais recentes livros de Padilla têm como cenário a Alemanha nazista
e a ex-União Soviética.
"Antes, eu recebia críticas
porque meus livros não eram
situados no México. Até que escrevi um sobre submarinos e tive a solução perfeita. Disse que
não podia se passar em solo
mexicano, porque ali não existem submarinos", contou. Fresán também divertiu a platéia
ao contar que, após ser expulso
da escola, escondeu o fato da
mãe e passou a freqüentar uma
biblioteca, fingindo ir às aulas.
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