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7º Festival de Rio Preto prioriza o teatro experimental
Mostra no interior paulista começa nesta noite com 18 grupos nacionais e 8 estrangeiros, incluindo a companhia francesa 111 e o coletivo holandês Dakar
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O conceito de impermanência, que está na natureza cíclica
do universo, do pensamento filosófico, da prática espiritual e
da criação em artes cênicas, para citar algumas veredas, ocupa
o centro da arena no Festival
Internacional de Teatro de São
José do Rio Preto (a cerca de
450 km de São Paulo). O evento
começa hoje e dura 13 dias.
Sua sétima edição internacional (nasceu em 1969 em âmbito amador e depois universitário) prioriza os grupos de pesquisa, ou os laboratórios, como
são conhecidos na Europa os
núcleos voltados à experimentação cênica e dramatúrgica.
Maioria acostumada à impermanência do ponto de vista
das condições de trabalho, 18
coletivos brasileiros de palco,
rua e espaços não-convencionais cruzam com oito companhias estrangeiras estáveis graças às políticas públicas de seus
países. Segundo o co-diretor-geral do FIT Rio Preto, Jorge
Vermelho, independentemente das origens, todas as atrações
perseveram na investigação e
nos riscos criativos.
Metade dos participantes internacionais vem da França,
tradicional na subvenção à cultura. Entre as companhias, estão a Transe Express, que passou pelo paulistano vale do
Anhangabaú com "Mobile
Homme" e protagoniza a abertura desta noite, ao ar livre, na
represa, e a cia. 111 & Phil Soltanoff, com "Plan B", segunda
parte de trilogia sobre a busca
de uma escrita poética para a
cena: malabarismo, acrobacia,
música etc.
Um projeto da Holanda,
"Braakland", com a cia. Dakar,
e outro da Argentina, "Audiotur Ficcional", com a BiNeural-Monokultur, chamam a atenção pelas propostas. No primeiro, inspirado em conto do sul-africano J.M. Coetzee, o público é transportado de ônibus até
local desconhecido, possivelmente um terreno no qual seja
possível enxergar os artistas ao
ermo, num horizonte próximo.
Já o projeto argentino faz
uma intervenção urbana na
qual o espectador deve redescobrir lugares da cidade por
meio de narrativa em áudio,
gravação que o guiará a outras
realidades.
Espectros da tragédia também rondam o festival. Há duas
variantes do mito de Medéia. A
espanhola cia. Atalaya traz
"Medea - La Extranjera"
(2004), em que a protagonista
de Eurípides, Sêneca e Heiner
Müller é quadruplicada em
atrizes conforme os elementos
da natureza: terra, fogo, água e
vento. O subtítulo refletiria a
condição do sujeito contemporâneo que parte em busca do
"bezerro de ouro" em terras estrangeiras e sofre barbaridades
na civilização.
Soma-se a essa releitura a
"Medeamaterial" (2001), de
Müller, pelo pedagogo e encenador russo Anatoli Vassiliev.
Ele encerrará o festival, no dia
21/7, com a exibição em vídeo
do solo da francesa Valérie Dreville, seguida de conferência.
O FIT Rio Preto é uma realização da prefeitura e do Sesc
SP. Algumas atrações estarão
em São Paulo. O "Hamlet" do
grupo Teatro del Contrajuego
(Venezuela) faz sessões nos
dias 14 e 15/7 no Sesc Anchieta
(sáb., às 20h, e dom., às 18h30,
R$ 20). Vassiliev fala no Sesc
Consolação dia 17/7 (às 19h30,
entrada franca). "Medea - La
Extranjera" tem apresentações
de 19 a 22/7 no teatro São Pedro (qui. a sáb., às 20h30, e
dom., às 17h, R$ 10).
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