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Crítica
José Carlos Burle dirige chanchada de primeira linha
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Há alguns dias passou um filme do José Carlos Burle sério:
"Também Somos Irmãos".
Hoje, temos um pouco do Burle gaiato, com "Carnaval
Atlântida" (no Canal Brasil,
às 19h30).
Mas, vamos ver, também é
sério. Lá, um produtor pretende filmar a história de Helena
de Tróia, com a ajuda de um
doutor professor de grego (Oscarito). Mas é no Brasil que estamos, aliás, no Rio de Janeiro.
E o que vai sair é uma chanchada mesmo.
Uma chanchada de primeira
linha, diga-se, onde aparecem
em grande estilo Grande Otelo
e Colé, além de Cyll Farney (galã), Eliana (mocinha), José
Lewgoy (vilão). Parafraseando
Paulo Emilio, pode-se dizer
que este filme é um produto de
nossa capacidade criativa de
não copiar.
Burle sabia bem o que fazia:
como em outras ocasiões, seu
filme enfatiza o valor da produção popular, não contra o erudito, mas contra o pedantismo.
O público mais simples entendia bem o que o "Carnaval
Atlântida" queria dizer.
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