Fotos Julia Moraes/Folha Imagem

Rosangela Lyra é conhecida no Brasil como representante da Dior e sogra do jogador Kaká -ela é mãe de Caroline Celico. É também presidente de uma ONG, Aliança de Misericórdia. Ela estava em Paris há alguns dias quando deu de cara com a colombiana Ingrid Betancourt no lobby do hotel Fouquet's. Extremamente religiosas, as duas se identificaram "pela fé", diz Rosangela à coluna:

 

FOLHA - Como encontrou Ingrid Betancourt?
ROSANGELA LYRA - Vim a Paris trabalhar, como venho cinco vezes por ano -parece até blasé dizer isso, mas é que eu venho com freqüência mesmo, né? E resolvi ir para Lourdes e para a Polônia, em uma viagem religiosa. Encontrei três sacerdotes brasileiros e eles me contaram que ela tinha sido libertada. Eu estava em frente a imagem de Nossa Senhora, ajoelhei e agradeci. Cheguei a Paris no domingo. No dia seguinte, quando estou descendo no hotel, Ingrid estava chegando, na minha frente. Tremi inteira. Estávamos as duas no Fouquet's [Fouquet's Barrière],o hotel que eu mais amo aqui em Paris. Todo mundo fala do Plaza Athénée, mas não troco o Fouquet's por nada. E ela está hospedada aqui.

FOLHA - É muita coincidência, né?
ROSANGELA - Não é coincidência! Aí é que está. Era para eu estar na Polônia hoje! Ela também acha que não é coincidência. E aí eu a abracei e falei que era brasileira. Trocamos emoções. Ela chorou, eu chorei. Conversamos como se fôssemos amigas de uma vida e que não nos víamos há tempos. Eu a conheci naquele momento, no lobby do hotel! Eu falei assim: "Ai, desculpe, eu sou brasileira, sou muito calorosa", e ela: "Nosotros también!". Falamos espanhol, francês, falamos a língua de Deus. Ela falou: "Você vai ficar aqui no hotel?". Eu disse que sim. E ela: "Vamos tomar café juntas?".

FOLHA - Como foi a conversa?
ROSANGELA - Falamos sobre problemas sociais. Falei com a "mamita", que é como ela chama a mãe dela. Eu disse que trabalhava na Dior, mas que apesar de eu trabalhar nesse mundo do luxo a gente faz um trabalho social em virtude da situação do nosso país. E ela disse: "Ai, como na Colômbia também, né?". Eu disse que achava que o Brasil era até mais diferente porque temos muita riqueza, enfim. A mãe dela trabalha para uma entidade que cuida de crianças e eu falei da Aliança de Misericórdia, que até já está indo para a Colômbia. E ela me disse assim: "Nós ainda vamos trabalhar juntas. Eu não sei como, mas nós vamos trabalhar juntas".

FOLHA - Ela falou sobre o cativeiro?
ROSANGELA - Ela disse que tinha um comandante que era o mais duro, que gritava, que a machucava, mas que ela pedia: "Senhor, abençoe o comandante, abençoe este homem". E ela se sentia tão aliviada que ele não conseguia mais atingi-la. Ela o perdoou com o amor e com a fé dela. Isso é o mais espetacular. Ela dizia que amar e pedir bênçãos àqueles que a gente ama é fácil. E eu disse a mesma coisa. A gente falava as coisas juntas! Uma sintonia que só Deus pode explicar. A gente estava de mãos dadas, de braços dados, com um carinho que só Deus.

FOLHA - Ela aparentava estar saudável ou debilitada?
ROSANGELA - Ela estava muito magra, com os cabelos ainda compridos, em tranças, estava com a pele clara, de quem não toma sol há muito tempo.Quando eu a abraçava, sentia todas as costelinhas dela, as vértebras. Ela comia devagarinho, e ainda deixou no prato. Não adianta agora se entuchar de comida, né? O estômago dela está muito pequenininho.

FOLHA - Como será que ela conseguiu... ROSANGELA - Ela falou! Ela falou! Ela só conseguiu pela fé na Virgem e em Jesus Cristo. Quando dei a garrafa com a água de Lourdes e a imagem de Nossa Senhora no vidro transparente, ela disse: "Mira, mira, mamita! Aquilo que nós temos, só que a nossa é de plástico!". E eu dei de vidro, que não pega gosto. Ela é muito fofa! E eu termino falando que gostaria que todos tivessem o privilégio de conhecer a Ingrid Betancourt, uma mulher fenomenal, excepcional, inacreditável, única.

FOLHA - Ela falou sobre o Brasil?
ROSANGELA - Ela falou que quando ela vier ao Brasil ela vai me procurar. Ela não disse ""se" eu for para o Brasil". Ela disse ""quando" eu for ao Brasil".

Mão dupla

O governo brasileiro acompanha hoje o caso de 13 crianças seqüestradas e levadas para o exterior por seus próprios familiares. O levantamento é da Secretaria de Direitos Humanos. Na direção contrária, de acordo com dados do órgão, existem 77 casos de brasileiros que trouxeram crianças ao país e que são processadas em cortes internacionais por isso. São, em geral, casos de casais que se separam. Um dos dois volta com os filhos ao Brasil enquanto o ex-cônjuge, em outro país, tenta recuperar a criança.

XADREZ
Os advogados dos fundos de pensão, em especial a Previ, que desistiram de ações contra o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, para que ele vendesse sua participação na Brasil Telecom e abrisse caminho para a fusão da empresa com a Oi/Telemar, estudavam ontem os desdobramentos jurídicos da prisão de Dantas. Num primeiro momento, acham que o negócio não será inviabilizado.

BATALHÃO
A única possibilidade, diz um deles, é se algum dos crimes tiver "conexão" com o negócio. As negociações em torno da venda da Brasil Telecom para a Oi/Telemar foram acompanhadas por 120 advogados.

PROFECIA
De um ex-assessor de Dantas: "Ele nunca teve medo nem mesmo de perder o banco. Só tinha um pavor: ser preso".

NOVO MENU
Não é só churrasquinho na zona leste que agrada ao paladar da candidata a prefeita Marta Suplicy. Na noite de anteontem, ela e o marido, Luis Favre, jantaram com o casal de amigos Ivo Rosset e Eleonora Mendes Caldeira, no Ici Bistrô, em Higienópolis. Ela comeu pato e os quatro mataram uma garrafa de champanhe e uma de vinho tinto.

CHOCALHO
Adriana Feffer, herdeira do grupo Suzano, e André Skaf, filho de Paulo Skaf, presidente da Fiesp, estão esperando o primeiro filho. Eles se casaram há quatro meses em SP.

PROVOCAÇÃO
José Maurício Machline e Carlinhos Jereissati decidiram colocar abaixo a ditadura da magreza durante a entrega do Prêmio Moda Brasil. Convidaram Regina Casé para apresentar a cerimônia da primeira edição, no dia 29 de outubro, no Teatro Municipal. Mesmo estando alguns quilos acima do ideal, ela já se diverte ensaiando passos de passarela para desfilar na noite.

ESTOQUE
Com o preço da fava de baunilha nas alturas, o chef francês Rolland Villard, do hotel Sofitel do Rio, resolveu inovar. Comprou toda a safra de um dos poucos produtores nacionais do ingrediente, até então importado de Madagascar. Segundo ele, as favas produzidas no sul do Pará não deixam a desejar em qualidade, com a vantagem de serem mais baratas.

PRATELEIRAS
A editora Rocco prepara para agosto o lançamento de "A Casa das Lembranças Perdidas", romance da australiana Kate Morton, que vendeu mais de 600 mil exemplares na Inglaterra e entrou para para a lista de mais vendidos do jornal "The New York Times", nos EUA. O livro revela os segredos de uma família aristocrata inglesa que tenta sobreviver às transformações do século 20.

NO MARTELO
Com interesses turísticos na região, os donos dos hotéis Txai e Emiliano foram dos mais empolgados no leilão das cadeiras do cinema de Paraty, no sábado. Nelson Moraes, sócio do Txai, chegou a pagar R$ 18 mil para ter dois lugares cativos. De férias na Europa, Roberto Irineu Marinho deu lances por telefone. Segundo Suzana Villas Boas, ele arrematou quatro poltronas por R$ 10 mil cada.

CURTO-CIRCUITO
O LIVRO "GUIA DA FERTILIDADE" , do médico Roger Abdelmassih, tem lançamento no dia 14 de julho, a partir das 19h, na livraria Cultura do Conjunto Nacional.
A CIA. DE DANÇA FLETIR seleciona seis bailarinos para uma temporada no teatro Alfa. A audição será hoje, a partir das 10h, na academia Runner do Morumbi.
JOÃO DORIA JR. promove o "Passeio de Cães" no sábado, às 9h, com saída em frente ao Market Plaza, em Campos do Jordão.
A CANTORA Fernanda Porto faz show hoje no teatro Copa Airlines, às 20h, no shopping Eldorado. Classificação livre.
O RESTAURANTE Chácara Santa Cecília promove amanhã almoço beneficente para comemorar o Dia da Pizza e o Dia do Rock, com integrantes de grupos como Sepultura e Angra.