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ANÁLISE
Nem tudo é festa nesta noite
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
É impossível dissociar as comemorações dos dez anos da
Sala São Paulo da situação ainda provisória e traumática causada pela saída do maestro
John Neschling da direção da
Osesp, em janeiro. Idealizador
e gestor desde 1997 da "nova
Osesp", ele foi demitido em
meio ao processo de escolha do
sucessor, que fracassou. Críticas ao governador José Serra
(PSDB) estariam na origem do
desgaste. Surgiu o fantasma de
um recuo na profissionalização
da orquestra.
Para começar, pelos planos
pré-crise, na cerimônia dessa
noite deveria tocar o pianista
Nelson Freire, um dos músicos
brasileiros de maior projeção
no exterior. Sua apresentação
se daria para atender ao convite
de Neschling. Freire preferiu
não comentar a ausência do ex-regente na festa. Mas ressaltou
que a sala ("motivo de orgulho
para os brasileiros, a melhor
coisa que aconteceu à música
no Brasil nos últimos dez
anos") é "fruto do idealismo, do
entusiasmo e da dedicação de
John Neschling".
Inicialmente também estavam previstas as apresentações
do violoncelista Antonio Menezes e do barítono Paulo Szot.
Nenhum deles estará presente,
nem no palco nem fora dele. A
assessoria da Fundação São
Paulo disse que eles não estão
na lista de convidados porque
nenhum solista foi chamado,
pois não haveria espaço suficiente para atender a todos.
A programação 2009 ainda
segue readaptação feita às pressas, incorporando o novo regente principal contratado, o
francês Yan Pascal Tortelier.
Mas a turnê nos EUA marcada
para outubro, que poderia marcar etapa importante na internacionalização da Osesp, será
conduzida por um jovem americano de 29 anos, Kazem Abdullah, que não tem intimidade
com a orquestra. Inicialmente,
o plano americano previa performances até no prestigiado
Carnegie Hall (Nova York).
O conselho da Fundação
Osesp prepara uma ambiciosa
turnê internacional para 2010,
um ótimo sinal. Mas a definição
dos condutores da orquestra a
partir de 2011 será crucial e o
comitê de seleção ainda não
apresentou um projeto claro.
A casa da Osesp é uma enorme conquista, não resta dúvida.
Mas a prova de fogo da transição ainda está em curso.
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