São Paulo, quinta-feira, 09 de julho de 2009

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ANÁLISE

Nem tudo é festa nesta noite

MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL

É impossível dissociar as comemorações dos dez anos da Sala São Paulo da situação ainda provisória e traumática causada pela saída do maestro John Neschling da direção da Osesp, em janeiro. Idealizador e gestor desde 1997 da "nova Osesp", ele foi demitido em meio ao processo de escolha do sucessor, que fracassou. Críticas ao governador José Serra (PSDB) estariam na origem do desgaste. Surgiu o fantasma de um recuo na profissionalização da orquestra.
Para começar, pelos planos pré-crise, na cerimônia dessa noite deveria tocar o pianista Nelson Freire, um dos músicos brasileiros de maior projeção no exterior. Sua apresentação se daria para atender ao convite de Neschling. Freire preferiu não comentar a ausência do ex-regente na festa. Mas ressaltou que a sala ("motivo de orgulho para os brasileiros, a melhor coisa que aconteceu à música no Brasil nos últimos dez anos") é "fruto do idealismo, do entusiasmo e da dedicação de John Neschling".
Inicialmente também estavam previstas as apresentações do violoncelista Antonio Menezes e do barítono Paulo Szot. Nenhum deles estará presente, nem no palco nem fora dele. A assessoria da Fundação São Paulo disse que eles não estão na lista de convidados porque nenhum solista foi chamado, pois não haveria espaço suficiente para atender a todos.
A programação 2009 ainda segue readaptação feita às pressas, incorporando o novo regente principal contratado, o francês Yan Pascal Tortelier. Mas a turnê nos EUA marcada para outubro, que poderia marcar etapa importante na internacionalização da Osesp, será conduzida por um jovem americano de 29 anos, Kazem Abdullah, que não tem intimidade com a orquestra. Inicialmente, o plano americano previa performances até no prestigiado Carnegie Hall (Nova York).
O conselho da Fundação Osesp prepara uma ambiciosa turnê internacional para 2010, um ótimo sinal. Mas a definição dos condutores da orquestra a partir de 2011 será crucial e o comitê de seleção ainda não apresentou um projeto claro.
A casa da Osesp é uma enorme conquista, não resta dúvida. Mas a prova de fogo da transição ainda está em curso.


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