São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Afe, César!

Livro diz que o imperador romano sofria com boatos sobre sua sexualidade

ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO

Ao falar da juventude de Júlio César (101-44 a.C.) em "César, a Vida de um Soberano", o historiador Adrian Goldsworthy cita um suposto episódio de homossexualismo do imperador romano com o rei Nicomedes, da Bitínia (hoje parte da Turquia).
"Talvez o jovem de 19 anos tenha, de fato, sentido e sucumbido à atração por um homem mais velho "experimentando sua sexualidade" seria, provavelmente, o eufemismo moderno", escreve.
Depois completa: "Se isso aconteceu, então, foi a única vez, porque é absolutamente certo que a homossexualidade não teve participação no resto da vida de César".
O livro, recém-lançado no Brasil pela Record, traça, em cerca de 700 páginas, um perfil do homem que dominou territórios da Europa, África e Oriente Médio no século 1º a.C.
Além de descrever César como um exímio estrategista, Goldsworthy chama a atenção para fragmentos de sua vida íntima.
Conta, por exemplo, que suas vaidades eram consideradas "excessivas" pelos romanos. "Circulavam rumores de que César depilava todo o corpo", escreve. Diz também que o senador gostava de usar túnicas mais longas como forma de demarcar seu poder, mostrando "que não era exatamente igual aos colegas".
À Folha, Goldsworthy explicou, por e-mail, que o hábito do imperador de raspar os pelos era considerado efeminado. "Mas não temos certeza se era apenas um boato ou se ele realmente fazia isso", comenta. Boatos, aliás, acompanharam César até o túmulo. O suposto ato com o rei Nicomedes era evocado por políticos, inimigos e militares.

JURAMENTO
Incomodado, o imperador chegou a desmenti-lo publicamente, em um juramento. "Isso acabou por aumentar a chacota", diz Goldsworthy.
O historiador britânico, especialista em Império Romano, com nove livros publicados sobre o assunto, duvida do caso, que rendeu a César o apelido de "marido de todas as mulheres e mulher de todos os maridos".
"Na verdade, acho que poucas pessoas acreditavam. Mas a fofoca era tão boa que acabava sendo repetida -especialmente porque o incomodava", conta.
Goldsworthy lembra que, em paralelo a isso, César cultivava -e com lastro comprovado- a fama de mulherengo. Seduzia moças a perder de conta (Cleópatra, Servilia, Tertia...), especialmente se casadas com inimigos.
Alguns até apoiavam a ideia: "Sabemos que o marido de Servilia aprovava o adultério da esposa, acreditando que isso lhe renderia benefícios políticos", diz.
Goldsworthy afirma que, como historiador, "adoraria jantar com César para ouvir, dele, a versão dos fatos".
Mas, com conhecimento de causa sobre o biografado, faz uma ressalva: "Tenho uma suspeita desagradável de que ele preferiria jantar com minha noiva."

CÉSAR, A VIDA DE UM SOBERANO

AUTOR Adrian Goldsworthy
EDITORA Record
TRADUÇÃO Ana Maria Mandim
QUANTO R$84,90 (767 págs.)


Texto Anterior: Álvaro Pereira Júnior: O tiozinho mais bonito da cidade
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.