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Os EUA têm ficado cada vez mais chatos, afirma diretor
especial para a Folha, em Los Angeles
Se existe uma pessoa que não se
excita nem um pouco com filmes
pornográficos, ela é Barry Sonnenfeld. Apesar de ter começado
carreira fazendo uma série de filmes do gênero, o cineasta lembra
com desdém o que ele chama de
um dos trabalhos mais monótonos de sua carreira.
"Gosto de rapidez, movimento
e efeitos especiais. Fascina-me
encontrar diferentes ângulos durante as gravações de meus filmes. Na pornografia, as posições
das câmeras são sempre iguais",
confessou o diretor à Folha.
Hoje, Barry Sonnenfeld está
bem distante dessa indústria paralela de cinema e faz o que realmente gosta: filmes de ação repletos de efeitos e com uma pitada
de humor sarcástico bem pessoal.
Depois de sucessos como "A
Família Addams" e "Homens de
Preto" -protagonizado por Will
Smith-, Sonnelfeld recorreu
mais uma vez ao ator para interpretar o papel principal em "As
Loucas Aventuras de James
West". Leia a seguir trechos de
sua entrevista à Folha.
Folha - Por que fazer um filme
baseado no seriado?
Barry Sonnenfeld - Eu cresci
assistindo a "James West", um
dos meus seriados prediletos da
televisão naquela época. Quando
pensei em fazer uma versão de
"James West" para o cinema, minha maior preocupação foi a de
evitar fazer mais um episódio do
seriado em filme. Sabia que eu teria que ousar. O caminho encontrado, portanto, foi convidar Will
Smith para o papel principal.
Folha - Por ele ser negro?
Sonnenfeld - Não somente por
esse motivo. Queria colocar a
questão racial no filme, mas a verdade é que trabalhar com Will em
"Homens de Preto" foi uma experiência incrível. Se ele não topasse
fazer esse filme, eu certamente desistiria de fazê-lo. Era um projeto
dependente da participação dele.
Folha - Como tem recebido as
críticas em relação às piadas sobre racismo em seu filme?
Sonnenfeld - Eu adorei de tê-las
usado, como também as piadas
de caras sem pernas como o personagem de Kenneth Branagh.
Estamos no fim do século e percebo que os EUA têm ficado um lugar cada vez mais chato.
Folha - Por que você hesitou
em contratar Salma Hayek?
Sonnenfeld - Eu a entrevistei
três vezes e de nenhum desses encontros eu saí convencido de contratá-la. O problema é que nunca
tinha visto Salma fazer comédia.
Além disso, apesar de ela falar
bastante rápido em espanhol e ser
muito bonita, ela fala o inglês demasiadamente devagar.
Acabou que eu não queria contratá-la de jeito algum e só o fiz
depois de pedido feito por Will
Smith e outros da equipe. Hoje estou feliz pela insistência deles.
Folha - Você poderia comentar
sobre os rumores de que a exibição especial para testar a reação do público antes da estréia
teria sido um fracasso?
Sonnenfeld - O que ocorreu foi
que o resultado não foi uma maravilha nem um desastre. Todo
filme que eu já testei até hoje durante a fase de edição não fez com
que as pessoas pulassem das poltronas de tanta satisfação.
Folha - E quanto ao excesso de
gastos com a produção?
Sonnenfeld - Realmente ultrapassamos um pouco o orçamento. O mesmo aconteceu quando
fizemos "Homens de Preto", que
ninguém sabia que ia se tornar
um blockbuster. Por isso, os problemas com gastos não causaram
na época alarde algum. Com "James West", as expectativas foram
maiores por causa do sucesso de
"Homens de Preto".
Folha - Como anda o projeto
do filme sobre a vida de Muhammad Ali?
Sonnenfeld - O filme deve se
chamar "Ali". Vamos ter Will
Smith no papel principal e o roteiro está simplesmente esplêndido.
Vai ser um filme que fala sobre espiritualidade e fé. E Muhammad
Ali é pura espiritualidade e fé. Ele
é mais do que uma celebridade
dos esportes, é um ser humano
exemplar, uma das grandes figuras do século. Acredito que começaremos as gravações na metade
do ano que entra.
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