São Paulo, Sexta-feira, 09 de Julho de 1999
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Os EUA têm ficado cada vez mais chatos, afirma diretor

especial para a Folha, em Los Angeles

Se existe uma pessoa que não se excita nem um pouco com filmes pornográficos, ela é Barry Sonnenfeld. Apesar de ter começado carreira fazendo uma série de filmes do gênero, o cineasta lembra com desdém o que ele chama de um dos trabalhos mais monótonos de sua carreira.
"Gosto de rapidez, movimento e efeitos especiais. Fascina-me encontrar diferentes ângulos durante as gravações de meus filmes. Na pornografia, as posições das câmeras são sempre iguais", confessou o diretor à Folha.
Hoje, Barry Sonnenfeld está bem distante dessa indústria paralela de cinema e faz o que realmente gosta: filmes de ação repletos de efeitos e com uma pitada de humor sarcástico bem pessoal.
Depois de sucessos como "A Família Addams" e "Homens de Preto" -protagonizado por Will Smith-, Sonnelfeld recorreu mais uma vez ao ator para interpretar o papel principal em "As Loucas Aventuras de James West". Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - Por que fazer um filme baseado no seriado?
Barry Sonnenfeld -
Eu cresci assistindo a "James West", um dos meus seriados prediletos da televisão naquela época. Quando pensei em fazer uma versão de "James West" para o cinema, minha maior preocupação foi a de evitar fazer mais um episódio do seriado em filme. Sabia que eu teria que ousar. O caminho encontrado, portanto, foi convidar Will Smith para o papel principal.

Folha - Por ele ser negro?
Sonnenfeld -
Não somente por esse motivo. Queria colocar a questão racial no filme, mas a verdade é que trabalhar com Will em "Homens de Preto" foi uma experiência incrível. Se ele não topasse fazer esse filme, eu certamente desistiria de fazê-lo. Era um projeto dependente da participação dele.

Folha - Como tem recebido as críticas em relação às piadas sobre racismo em seu filme?
Sonnenfeld -
Eu adorei de tê-las usado, como também as piadas de caras sem pernas como o personagem de Kenneth Branagh. Estamos no fim do século e percebo que os EUA têm ficado um lugar cada vez mais chato.

Folha - Por que você hesitou em contratar Salma Hayek?
Sonnenfeld -
Eu a entrevistei três vezes e de nenhum desses encontros eu saí convencido de contratá-la. O problema é que nunca tinha visto Salma fazer comédia. Além disso, apesar de ela falar bastante rápido em espanhol e ser muito bonita, ela fala o inglês demasiadamente devagar.
Acabou que eu não queria contratá-la de jeito algum e só o fiz depois de pedido feito por Will Smith e outros da equipe. Hoje estou feliz pela insistência deles.

Folha - Você poderia comentar sobre os rumores de que a exibição especial para testar a reação do público antes da estréia teria sido um fracasso?
Sonnenfeld -
O que ocorreu foi que o resultado não foi uma maravilha nem um desastre. Todo filme que eu já testei até hoje durante a fase de edição não fez com que as pessoas pulassem das poltronas de tanta satisfação.

Folha - E quanto ao excesso de gastos com a produção?
Sonnenfeld -
Realmente ultrapassamos um pouco o orçamento. O mesmo aconteceu quando fizemos "Homens de Preto", que ninguém sabia que ia se tornar um blockbuster. Por isso, os problemas com gastos não causaram na época alarde algum. Com "James West", as expectativas foram maiores por causa do sucesso de "Homens de Preto".

Folha - Como anda o projeto do filme sobre a vida de Muhammad Ali?
Sonnenfeld -
O filme deve se chamar "Ali". Vamos ter Will Smith no papel principal e o roteiro está simplesmente esplêndido. Vai ser um filme que fala sobre espiritualidade e fé. E Muhammad Ali é pura espiritualidade e fé. Ele é mais do que uma celebridade dos esportes, é um ser humano exemplar, uma das grandes figuras do século. Acredito que começaremos as gravações na metade do ano que entra.


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