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LITERATURA
Evento vai promover visita à fazenda Morro Azul, descrita no livro 'Torre Eiffel Sideral', do poeta suíço
Colóquio sobre poeta termina em feijoada
MARCELO BARTOLOMEI
Editor-assistente da Folha Campinas
Estudiosos das obras do poeta
suíço Blaise Cendrars (1887-1961)
devem encerrar hoje o colóquio
"A Utopialândia de Blaise Cendrars", promovido pela USP, com
uma visita à fazenda Morro Azul,
em Limeira (156 km a noroeste de
São Paulo).
Cendrars se hospedou na fazenda em uma de suas vindas ao Brasil, em 1924, a convite de seu grande amigo brasileiro, o cafeicultor
Paulo Prado, e do escritor Oswald
de Andrade, e cita a fazenda em
seu romance "Torre Eiffel Sideral", publicado em 1949.
O advogado Carlos Celso Orcesi
da Costa, 46, atual administrador
da fazenda, disse que vai promover a visita dos estudiosos ao local
descrito no romance.
"Vai ser um encontro tipicamente brasileiro: estarei recebendo o pessoal para uma feijoada",
disse.
Para o evento, Costa e a professora Maria Teresa de Freitas, da
USP (Universidade de São Paulo),
convidaram prefeitos e autoridades da região, além de 30 dos intelectuais que discutiram as obras do
escritor no colóquio.
O encontro estudou durante
uma semana a influência de Cendrars na literatura moderna brasileira e contou com a presença da
filha do escritor, Miriam -que é
também sua biógrafa-, e dos pesquisadores franceses Claude Leroy
e Pierre Rivas, entre outros.
História
De Limeira, Cendrars tirou a história do proprietário da fazenda na
época, Luís Bueno de Miranda,
tio-avô de Costa, morto em 1949.
Bueno aparece no livro com o
nome fictício de Oswaldo Padroso,
inventado para proteger sua intimidade.
Costa diz que a história do livro
se passa durante a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) e em determinado trecho descreve a fazenda, a
fauna e a flora brasileiras e fala de
seu tio-avô.
"Cendrars é um nome forte e famoso na França, mas aqui no Brasil, não é muito conhecido. Por isso que essa história tem pouca repercussão por aqui", disse Costa.
Segundo ele, uma editora nacional está traduzindo a obra para o
português, que deve chegar às livrarias até o final deste ano.
Por enquanto, apenas estudos
sobre o autor foram publicados,
como "Blaise Cendrars no Brasil e
os Modernistas", de Aracy A.
Amaral (ed. 34), e a reedição de
"A Aventura Brasileira de Blaise
Cendrars", estudo clássico de Alexandre Eulalio (Edusp).
Famílias
A fazenda foi construída em 1806
pela família Jordão e recebeu os
primeiros pés de café em 1840.
"A fazenda teve somente dois
donos, duas famílias, e meu tio-avô a comprou em janeiro de 1911",
afirmou o atual administrador do
local.
Segundo Costa, o protagonista
de "Torre Eiffel Sideral" deixou a
fazenda em testamento para ser
doada às famílias Orcesi (à qual
pertence Costa) e Bueno de Miranda, que dividem a propriedade.
"Ela estava em ruínas, e, quando assumi a inventariança, há uns
cinco anos, resolvi reformar a fazenda", disse.
A reforma ainda não terminou,
segundo o advogado. "A primeira
coisa que fizemos foi colocar 5.000
telhas novas e revitalizar pinturas e
outras partes deterioradas com o
tempo."
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