São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997.



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LITERATURA
Evento vai promover visita à fazenda Morro Azul, descrita no livro 'Torre Eiffel Sideral', do poeta suíço
Colóquio sobre poeta termina em feijoada

MARCELO BARTOLOMEI
Editor-assistente da Folha Campinas

Estudiosos das obras do poeta suíço Blaise Cendrars (1887-1961) devem encerrar hoje o colóquio "A Utopialândia de Blaise Cendrars", promovido pela USP, com uma visita à fazenda Morro Azul, em Limeira (156 km a noroeste de São Paulo).
Cendrars se hospedou na fazenda em uma de suas vindas ao Brasil, em 1924, a convite de seu grande amigo brasileiro, o cafeicultor Paulo Prado, e do escritor Oswald de Andrade, e cita a fazenda em seu romance "Torre Eiffel Sideral", publicado em 1949.
O advogado Carlos Celso Orcesi da Costa, 46, atual administrador da fazenda, disse que vai promover a visita dos estudiosos ao local descrito no romance.
"Vai ser um encontro tipicamente brasileiro: estarei recebendo o pessoal para uma feijoada", disse.
Para o evento, Costa e a professora Maria Teresa de Freitas, da USP (Universidade de São Paulo), convidaram prefeitos e autoridades da região, além de 30 dos intelectuais que discutiram as obras do escritor no colóquio.
O encontro estudou durante uma semana a influência de Cendrars na literatura moderna brasileira e contou com a presença da filha do escritor, Miriam -que é também sua biógrafa-, e dos pesquisadores franceses Claude Leroy e Pierre Rivas, entre outros.
História
De Limeira, Cendrars tirou a história do proprietário da fazenda na época, Luís Bueno de Miranda, tio-avô de Costa, morto em 1949.
Bueno aparece no livro com o nome fictício de Oswaldo Padroso, inventado para proteger sua intimidade.
Costa diz que a história do livro se passa durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e em determinado trecho descreve a fazenda, a fauna e a flora brasileiras e fala de seu tio-avô.
"Cendrars é um nome forte e famoso na França, mas aqui no Brasil, não é muito conhecido. Por isso que essa história tem pouca repercussão por aqui", disse Costa.
Segundo ele, uma editora nacional está traduzindo a obra para o português, que deve chegar às livrarias até o final deste ano.
Por enquanto, apenas estudos sobre o autor foram publicados, como "Blaise Cendrars no Brasil e os Modernistas", de Aracy A. Amaral (ed. 34), e a reedição de "A Aventura Brasileira de Blaise Cendrars", estudo clássico de Alexandre Eulalio (Edusp).
Famílias
A fazenda foi construída em 1806 pela família Jordão e recebeu os primeiros pés de café em 1840.
"A fazenda teve somente dois donos, duas famílias, e meu tio-avô a comprou em janeiro de 1911", afirmou o atual administrador do local.
Segundo Costa, o protagonista de "Torre Eiffel Sideral" deixou a fazenda em testamento para ser doada às famílias Orcesi (à qual pertence Costa) e Bueno de Miranda, que dividem a propriedade.
"Ela estava em ruínas, e, quando assumi a inventariança, há uns cinco anos, resolvi reformar a fazenda", disse.
A reforma ainda não terminou, segundo o advogado. "A primeira coisa que fizemos foi colocar 5.000 telhas novas e revitalizar pinturas e outras partes deterioradas com o tempo."



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