São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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MÚSICA

Morto na noite de sábado, integrante do Buena Vista Social Club foi enterrado na manhã de ontem em Havana

Cubanos choram a morte do cantor Ibrahim Ferrer, 78

Jose Luis Magana - 7.mar.1999/Associated Press
O cantor cubano Ibrahim Ferrer, que morreu no último sábado, durante show na Cidade do México


DA REPORTAGEM LOCAL

Compositores, cantores e outros artistas cubanos estiveram no cemitério Colon, o principal de Havana, para prestar uma última homenagem ao cantor Ibrahim Ferrer, enterrado ontem. Ferrer morreu na noite de sábado, aos 78 anos, em Cuba, em decorrência de uma gastroenterite.
"Ele não foi somente um grande músico, mas também um excelente pai e marido. Sua turnê terminou com grande sucesso", declarou a viúva do cantor, Caridad Díaz, durante o velório.
Com a morte de Ferrer, o Buena Vista Social Club, criado pelo compositor cubano Juan de Marcos e pelo guitarrista americano Ry Cooder, perde outra estrela, dois anos depois da morte do cantor e compositor Compay Segundo, em 13 de julho de 2003, e do pianista Rubén González, no dia 8 de dezembro do mesmo ano.
"Ibrahim integrou o projeto porque era um músico excepcional, que tinha uma voz muito apaixonada. Era ótimo improvisando e ultrapassou os limites de sua geração ao ter um pleno domínio da harmonia", declarou Juan de Marcos.
"Perdemos um grande valor da cultura cubana. Era um artista extraordinário, amigo íntimo, meu incrível irmão", lamentou o pianista cubano Chucho Valdés.
Ferrer nasceu em 20 de fevereiro de 1927, na Província de Santiago de Cuba, e começou sua carreira de cantor aos 14 anos. O músico, chamado por alguns de "Nat King Cole de Cuba", ganhava a vida engraxando sapatos até ser apresentado ao mundo por Cooder e pelo diretor Wim Wenders, no documentário "Buena Vista Social Club ", em 1997.

Disco inédito
Ferrer morreu sem realizar o sonho de dar continuidade ao projeto que o levou a fazer apresentações na Europa: gravar um disco somente com boleros, que seria lançado em 2006.
"Toda a minha vida quis fazer um disco de boleros e no caminho sempre encontrei um "não': você não pode, não serve para você. Diziam que a minha voz era muito fina, uma vozinha que não servia para boleros", disse Ferrer em Barcelona (Espanha), em uma de suas últimas entrevistas, durante a turnê pela Europa.
Ferrer havia voltado a Cuba na quarta-feira da semana passada, depois de se apresentar na França, Espanha, Áustria, Suíça, Holanda e Inglaterra, com a turnê "Mi Sueño: A Bolero Songbook", projeto que incluía canções que gravaria.
Daniel Florestano, agente do cantor, disse que o disco sairá, mas a data não está definida.
"O disco está gravado, o material da turnê vai estar incluído, mas não sei dizer quantas canções estão prontas, porque estávamos gravando tudo muito devagar", acrescentou Florestano.
Anteontem à noite, Ferrer foi homenageado no Festival de Jazz de Marciac, no sul da França, pelo compatriota Omar Sosa, pianista.
No mesmo evento, o ministro francês de Cultura, Renaud Donnedieu de Vabres, disse que Ferrer era "um grande cantor que levava, com talento e carisma, a tradição musical de seu país para todo o mundo".

Com agências internacionais

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