São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010

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ENTREVISTA DA 2ª RICK RIORDAN

Vivemos uma renascença da literatura feita para crianças

AUTOR DE "PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS", CUJO ÚLTIMO LIVRO DA SAGA CHEGA AMANHÃ ÀS LIVRARIAS, DIZ QUE HARRY POTTER RENOVOU O GÊNERO

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Inventor de personagens semideuses transportados ao mundo contemporâneo, o escritor Rick Riordan viu a sua série infantojuvenil "Percy Jackson e os Olimpianos" alcançar fama mundial.
Criada depois do surgimento de "Harry Potter", a história de jovens com poderes mágicos fez com que Riordan fosse comparado à autora britânica J.K. Rowling.
Em entrevista exclusiva à Folha, feita por e-mail, ele afirma que Rowling abriu as portas para o que chama de "renascença da literatura para crianças".
O capítulo final da série, "O Último Olimpiano", chega ao Brasil amanhã, além de um guia sobre a saga. Em outubro, lança nos EUA "The Lost Hero" (o herói perdido), em que retoma personagens do universo de Percy.

Folha - Como lhe ocorreu a ideia da série "Percy Jackson"? O sr. já disse que foi seu filho Haley quem o inspirou. Rick Riordan - Haley me pediu que contasse histórias sobre deuses gregos e heróis para dormir. Eu havia dado aulas de mitologia por muitos anos, então foi um prazer atendê-lo. Quando eu não tinha mais mitos para contar, ele ficou desapontado e me perguntou se eu não poderia inventar algo novo, com os mesmos personagens.
Inventei então Percy Jackson e contei a Haley tudo sobre a sua busca para reaver o raio de Zeus. Levei três noites para contar a história e, no fim, Haley me disse que eu deveria escrever um livro.

Quando "O Ladrão de Raios" foi lançado, o sr. já era conhecido pela série adulta "Tres Navarre", principalmente nos EUA. O sucesso de Percy Jackson o surpreendeu?
Não esperava escrever um livro para crianças quando comecei a contar aquela história para o meu filho. Fiquei surpreso quando decolou, mas foi gradual. Levou cerca de quatro anos para a série realmente pegar nos EUA.
Não mudou a forma como eu trabalho. Uma boa história tem elementos comuns, seja para adultos ou crianças. Precisa de personagens com os quais se importe, um enredo convincente e com uma pitada de humor e ação.

Após o fim da série "Percy Jackson", o sr. se sentiu inseguro com relação aos livros que escreveria sem os personagens do mundo de Percy? Por que decidiu inclui-los em "The Lost Hero"?
Queria que a série tivesse um final forte. Já li séries demais que continuavam indefinidamente e fracassavam. Não queria que isso acontecesse comigo.
"The Lost Hero" me permitiu revisitar personagens antigos e criar novos, mantendo a história interessante.

Por que lê os livros para seus filhos, antes de publicá-los?
Os livros de Percy surgiram como histórias para o meu filho mais velho e os meus filhos ainda são os meus primeiros editores. Os livros são para crianças, então preciso ter a certeza de que funcionam com elas.

O fato de os seus filhos estarem crescendo mudará o público alvo dos seus livros?
Não tenho planos de envelhecer o meu conteúdo. Conheço melhor a escola secundária [que vai dos 11 aos 14 anos, em média, e é equivalente a parte do ensino fundamental no Brasil], já que dei aulas para essa faixa de idade por 15 anos.

O sr. é frequentemente comparado à autora britânica J.K. Rowling, de "Harry Potter". Como vê esse paralelo?
Todos os que escrevem fantasias para jovens adultos são comparados a J.K. Rowling! É o padrão, porque "Harry Potter" é a série de fantasia mais conhecida do mundo. Eu amo a série, e o sucesso de Rowling abriu as portas para muitos, para mim inclusive.
Nossos livros bebem na mesma fonte -a mitologia. A ideia de um garoto que descobre ter poderes especiais e precisa treinar para usá-los contra uma força negra -essa é a história de Percy Jackson e Harry Potter. E é também a história de todos os outros heróis gregos.

Como compara Harry Potter a Percy Jackson?
Ambos são heróis arquetípicos, mas suas personalidades são bem diferentes. Harry é mais sincero e doce. Percy Jackson é mais impetuoso, sarcástico, encrenqueiro. Imagino que ele seria expulso de Hogwarts [a escola de magia de Harry] muito rápido, enquanto temo que Harry Potter seria atropelado ou ficaria com a cabeça emperrada na privada, se fosse ao acampamento Meio-Sangue [lugar para filhos de deuses frequentado por Percy].

O sr. já disse que tinha dificuldades, quando criança, para encontrar livros que mantivessem o seu interesse. Como vê a literatura infantil atual?
Estamos no meio de uma renascença da literatura para crianças, graças, em parte, ao Harry Potter e à maneira com que ele ajudou editores a perceberem que as crianças lerão, se dermos a elas livros de que realmente gostam. Há muito mais livros bons para crianças hoje do que quando eu era jovem.

O sr. colocou no Twitter uma mensagem em português, agradecendo aos fãs brasileiros. Fala português? Tem planos de ir ao Brasil?
Não falo português, mas aprecio muito o entusiasmo dos fãs brasileiros. Por causa disso, pedi à minha editora que traduzisse a mensagem.
Já me pediram para ir ao Brasil, mas, infelizmente, preciso escrever tanto que não tenho tempo para viajar.


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