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ENTREVISTA DA 2ª RICK RIORDAN
Vivemos uma renascença da literatura feita para crianças
AUTOR DE "PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS", CUJO ÚLTIMO LIVRO DA SAGA CHEGA AMANHÃ ÀS LIVRARIAS, DIZ QUE HARRY POTTER RENOVOU O GÊNERO
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Inventor de personagens
semideuses transportados ao
mundo contemporâneo, o
escritor Rick Riordan viu a
sua série infantojuvenil
"Percy Jackson e os Olimpianos" alcançar fama mundial.
Criada depois do surgimento de "Harry Potter", a
história de jovens com poderes mágicos fez com que Riordan fosse comparado à autora britânica J.K. Rowling.
Em entrevista exclusiva à
Folha, feita por e-mail, ele
afirma que Rowling abriu as
portas para o que chama de
"renascença da literatura para crianças".
O capítulo final da série,
"O Último Olimpiano", chega ao Brasil amanhã, além
de um guia sobre a saga. Em
outubro, lança nos EUA "The
Lost Hero" (o herói perdido),
em que retoma personagens
do universo de Percy.
Folha - Como lhe ocorreu a
ideia da série "Percy Jackson"? O sr. já disse que foi seu
filho Haley quem o inspirou.
Rick Riordan - Haley me
pediu que contasse histórias
sobre deuses gregos e heróis
para dormir. Eu havia dado
aulas de mitologia por muitos anos, então foi um prazer
atendê-lo. Quando eu não tinha mais mitos para contar,
ele ficou desapontado e me
perguntou se eu não poderia
inventar algo novo, com os
mesmos personagens.
Inventei então Percy Jackson e contei a Haley tudo sobre a sua busca para reaver o
raio de Zeus. Levei três noites
para contar a história e, no
fim, Haley me disse que eu
deveria escrever um livro.
Quando "O Ladrão de Raios"
foi lançado, o sr. já era conhecido pela série adulta "Tres
Navarre", principalmente
nos EUA. O sucesso de Percy
Jackson o surpreendeu?
Não esperava escrever um
livro para crianças quando
comecei a contar aquela história para o meu filho. Fiquei
surpreso quando decolou,
mas foi gradual. Levou cerca
de quatro anos para a série
realmente pegar nos EUA.
Não mudou a forma como
eu trabalho. Uma boa história tem elementos comuns,
seja para adultos ou crianças. Precisa de personagens
com os quais se importe, um
enredo convincente e com
uma pitada de humor e ação.
Após o fim da série "Percy
Jackson", o sr. se sentiu inseguro com relação aos livros
que escreveria sem os personagens do mundo de Percy?
Por que decidiu inclui-los em
"The Lost Hero"?
Queria que a série tivesse
um final forte. Já li séries demais que continuavam indefinidamente e fracassavam.
Não queria que isso acontecesse comigo.
"The Lost Hero" me permitiu revisitar personagens antigos e criar novos, mantendo a história interessante.
Por que lê os livros para seus
filhos, antes de publicá-los?
Os livros de Percy surgiram como histórias para o
meu filho mais velho e os
meus filhos ainda são os
meus primeiros editores. Os
livros são para crianças, então preciso ter a certeza de
que funcionam com elas.
O fato de os seus filhos estarem crescendo mudará o público alvo dos seus livros?
Não tenho planos de envelhecer o meu conteúdo. Conheço melhor a escola secundária [que vai dos 11 aos
14 anos, em média, e é equivalente a parte do ensino
fundamental no Brasil], já
que dei aulas para essa faixa
de idade por 15 anos.
O sr. é frequentemente comparado à autora britânica J.K.
Rowling, de "Harry Potter".
Como vê esse paralelo?
Todos os que escrevem
fantasias para jovens adultos
são comparados a J.K. Rowling! É o padrão, porque
"Harry Potter" é a série de
fantasia mais conhecida do
mundo. Eu amo a série, e o
sucesso de Rowling abriu as
portas para muitos, para
mim inclusive.
Nossos livros bebem na
mesma fonte -a mitologia. A
ideia de um garoto que descobre ter poderes especiais e
precisa treinar para usá-los
contra uma força negra -essa é a história de Percy Jackson e Harry Potter. E é também a história de todos os outros heróis gregos.
Como compara Harry Potter a
Percy Jackson?
Ambos são heróis arquetípicos, mas suas personalidades são bem diferentes.
Harry é mais sincero e doce.
Percy Jackson é mais impetuoso, sarcástico, encrenqueiro. Imagino que ele seria
expulso de Hogwarts [a escola de magia de Harry] muito
rápido, enquanto temo que
Harry Potter seria atropelado
ou ficaria com a cabeça emperrada na privada, se fosse
ao acampamento Meio-Sangue [lugar para filhos de deuses frequentado por Percy].
O sr. já disse que tinha dificuldades, quando criança, para
encontrar livros que mantivessem o seu interesse. Como
vê a literatura infantil atual?
Estamos no meio de uma
renascença da literatura para
crianças, graças, em parte,
ao Harry Potter e à maneira
com que ele ajudou editores
a perceberem que as crianças
lerão, se dermos a elas livros
de que realmente gostam. Há
muito mais livros bons para
crianças hoje do que quando
eu era jovem.
O sr. colocou no Twitter uma
mensagem em português,
agradecendo aos fãs brasileiros. Fala português? Tem planos de ir ao Brasil?
Não falo português, mas
aprecio muito o entusiasmo
dos fãs brasileiros. Por causa
disso, pedi à minha editora
que traduzisse a mensagem.
Já me pediram para ir ao
Brasil, mas, infelizmente,
preciso escrever tanto que
não tenho tempo para viajar.
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