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CRÍTICA
Filme foge do ridículo ao usar
o caminho da auto-ironia
JOÃO LEIVA FILHO
Diretor-adjunto
da Revista da Folha
Astronautas viajam no tempo e encontram um mundo
quase primitivo, onde macacos evoluídos dominam homens mudos e bestializados.
Daí para o ridículo bastava um
pequeno deslize, o que o diretor Franklin Schaffner conseguiu evitar devido, principalmente, a uma boa dose de auto-ironia.
A estratégia já aparece no início de "O Planeta dos Macacos". Um astronauta canastrão
(Charlton Heston) traga um
inusitado charuto e se pergunta se em algum lugar do universo não existiria uma raça
melhor do que a humana.
Schaffner limita as perseguições que costumam abundar
nesse tipo de produção e aposta nos diálogos. A opção, aparentemente trivial, foi decisiva,
pois abriu espaço para a "atuação dos macacos", as estrelas
do filme.
A trama mostra o dilema dos
símios diante da chegada de
um homem que pode abalar os
dogmas de sua existência, pois
fala e pensa. Os orangotangos,
legisladores retrógrados, querem eliminar a ameaça usando
a força dos gorilas. O "fato" só
é encarado de frente pelos
chimpanzés, cientistas em busca da "verdade". Acusados de
heresia, eles vão a julgamento.
De novo à beira do ridículo, o
filme é salvo por diálogos leves,
que evitam a discurseira.
Fugindo do que poderia ser
uma patética crítica à arrogância humana, o diretor criou
uma boa "ficção ligeira", estrelada por simpáticos chimpanzés (Zira e Cornelius) e um inquieto orangotango (Zaius). O
sucesso da fórmula resultou
em um Oscar especial de maquiagem, em mais quatro episódios (bem piores) e na criação de uma série de TV, transformando o filme numa espécie de clássico trash da ficção
científica.
Avaliação:
Título original: Planet of the Apes
Diretor: Franklin Schaffner
Produção: EUA, 1968
Com: Charlton Heston, Roddy
McDowall e Kim Hunter
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