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CINEMA
Adaptação de "Bar Don Juan", que já tem roteiro pronto, contaria com atores como Paulo Betti e Louise Cardoso
Romance de Antonio Callado pode se tornar filme
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos romances mais conhecidos do escritor Antonio Callado
(1917-1997), "Bar Don Juan"
(1971), poderá se transformar em
um filme, a ser dirigido por José
Joffily, de "Quem Matou Pixote?".
O roteiro, preparado pelos estreantes Tobias, 38, e Lúcia Duarte, 41, já está pronto, e alguns atores, como Paulo Betti, Louise Cardoso e Tuca Andrade, já aceitaram o convite para participar do
filme.
"Falta o mais difícil: captar os
recursos", diz o produtor Chris
Rodrigues, da Spotlight, que está
finalizando uma proposta de orçamento a ser apresentada ao Ministério da Cultura, para que a
produção possa captar recursos
com base na Lei do Audiovisual.
Com um orçamento inicial de
R$ 3 milhões, Rodrigues, que já
produziu "Macunaíma", dirigido
por Joaquim Pedro de Andrade, e
"Como Era Gostoso o Meu Francês", de Nelson Pereira dos Santos, conta que ele e os roteiristas
decidiram refazer o orçamento
para reduzi-lo.
"Por causa do "efeito Chatô", há
poucos investidores dispostos a
apostar em novos produtos. Por
isso, resolvemos cortar os custos",
explica o produtor, referindo-se
ao filme inacabado de Guilherme
Fontes.
A idéia de adaptar "Bar Don
Juan" para o cinema surgiu no
início de 1996. "Adaptei os três
primeiros capítulos e levei para
Callado dar uma olhada. Ele gostou e disse que eu tinha a aprovação dele para continuar o trabalho", conta Tobias Duarte.
Após a morte do escritor, em janeiro de 1997, Tobias e sua irmã,
Lúcia, procuraram os herdeiros
do escritor, Tessy e Paulo. "Achei
ótima a idéia e os incentivei a continuar", diz Tessy.
"Bar Don Juan" é um romance
que recria o ambiente político
brasileiro do final dos anos 60, representado pelos frequentadores
de um bar -intelectuais engajados e boêmios, personagens típicos da época.
Callado, colunista da Folha de
1992 a 1997, escreveu "Bar Don
Juan" no auge da repressão política. No romance, ele retrata a chamada "esquerda festiva" e seus
"guerrilheiros" mal preparados,
mas dispostos a lutar.
"É um romance emocionante,
um retrato marcante de um período da história brasileira", diz
Tobias Duarte.
Além de "Bar Don Juan", Tobias e Lúcia Duarte começaram
agora os preparativos para adaptar mais uma obra do escritor -o
romance "Concerto Carioca".
"Ainda estamos no primeiro
tratamento do roteiro, que deverá
ser dirigido por Paulo, filho de
Callado", conta o roteirista.
Exposição
Até o dia 29 de setembro, a ABL
(Academia Brasileira de Letras)
está apresentando a exposição
"Antonio Callado: O Doce Radical", que apresenta a trajetória do
escritor dividida em 12 temas centrais, considerados os mais marcantes de sua obra -entre eles,
sua paixão pelo teatro, seu interesse pelos índios, sua carreira como jornalista e sua preocupação
com as guerras.
Para cada tema, há fotos, trechos de seus livros e um painel
com frases retiradas de textos do
escritor.
Há ainda raridades como dois
exemplares do jornal "O Ensaio",
com um poema inédito do escritor, "Tu e Meu Verso", escrito
quando Callado tinha 17 anos.
O exemplar é uma edição de
maio de 1934 do jornal editado
pelos alunos do Ginásio Bittencourt Silva, onde Callado estudou
entre 1930 e 1935. A galeria Manuel Bandeira, onde está montada a exposição, funciona de segunda a sexta-feira das 13h às 18h.
A sede da ABL fica na avenida
Presidente Wilson, 203, centro do
Rio. A entrada é franca.
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