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CINEMA/"A LUTA PELA ESPERANÇA"
Diretor que levou o Oscar por "Uma Mente Brilhante" trabalha novamente com Crowe
Howard abraça o realismo em novo filme
ELAINE LIPWORTH
DO "INDEPENDENT"
Ron Howard é um cara legal.
"Decência", "honestidade" e "integridade" são palavras freqüentemente empregadas para descrever o diretor de "Apollo 13" e
"Uma Mente Brilhante". Mas esses não são valores normalmente
associados à criatividade cinematográfica e, talvez devido à sua
imagem de "cara legal", o diretor
seja acusado de ser narrador competente, mas não inovador.
Howard é escancaradamente
populista. Seus filmes têm apelo
universal e são sempre ternos. Ao
longo de 30 anos de carreira, ele
dirigiu comédias como "Uma Sereia em Minha Vida", dramas como "Desaparecidas" e filmes de
ação como "O Preço de um Resgate". O seu fracasso foi "Um Sonho Distante", com o ex-casal
Tom Cruise e Nicole Kidman.
Os críticos se queixam de que
ele é às vezes sentimental em excesso. Se você menciona essas críticas, Howard abana a cabeça. "A
comunidade dos críticos tende a
ver tragédias como intrinsecamente mais valiosas. Não tenho
problemas com reconhecer abertamente o lado positivo."
"A Luta pela Esperança" pode
reverter a imagem de Howard.
Baseada na história real do boxeador norte-americano James L.
Braddock e sua mulher Mae, o filme é estrelado por Russell Crowe
e Renée Zellweger e traz Paul Giamatti como o empresário do boxeador. As críticas iniciais foram
excelentes nos EUA. Uma história
tradicional e emotiva, o roteiro é
material clássico para o estilo de
Howard. Mas embora a narrativa
seja inspiradora, existe muito realismo na maneira pela qual o diretor exibe a Grande Depressão.
O filme se concentra nas dificuldades da família de Braddock,
que perdeu tudo e tem de aceitar
favores para sobreviver com a família. Braddock voltou aos ringues para escapar à miséria, recuperando o título mundial. "Os homens se sentiam completamente
degradados naquela era", diz Howard. "Muitos deles desabaram
sob a pressão. Mas não Braddock.
Ele freqüentou as filas para receber pão e sopa. A família mal conseguia sobreviver. Mas conseguiu
retomar a carreira, vencer e inspirar o país."
"Eu simpatizo com o personagem de Braddock", diz Howard.
"Trata-se realmente da história de
um homem que quer tirar sua família da miséria, e o boxe é o único caminho que ele conhece."
Nascido em Oklahoma, Howard começou a trabalhar como
ator assim que aprendeu a andar.
O pai dele, Rance, era ator de cinema e teatro, e sua mãe, Jean, era
atriz. Howard fez seu primeiro filme, "Frontier Woman", aos 18
meses. Quando tinha oito anos,
era um nome conhecido em todo
o país, interpretando Opie na série de TV "Andy Griffith Show".
Ele estrelou o clássico "Loucuras de Verão", de George Lucas,
mas queria mesmo era comandar
uma produção. "Não tenho personalidade de ator."
Agora Bryce Dallas Howard, 24,
sua filha, está construindo uma
carreira de sucesso como atriz -
estrelou "A Vila", de M. Night
Shyamalan, e "Manderlay", de
Lars von Trier. Mas Howard não
permitiu que seus filhos trabalhassem como atores até que tivessem idade muito maior do que
a dele quando começou. "Ser ator
é trabalho para a vida inteira. Ter
sido ator infantil pode ser um
obstáculo", diz.
Howard dá a Crowe boa parte
do crédito por capturar a essência
do personagem Braddock. Eles
trabalharam juntos em "Uma
Mente Brilhante" e são grandes
amigos. "Ele é um grande ator,
um ator discreto e engraçado, um
ator emotivo, um ator físico... tudo isso se soma." Howard sustenta que não estava preocupado
com o comportamento tempestuoso do amigo. "Trabalhar com
Russell é como filmar em uma
ilha tropical. Você sabe que o clima vai mudar diversas vezes ao
longo do dia, mas sabe também
que a ilha é bonita. Ele tem pavio
curto. Mas sempre o abordo
usando lógica. Funciona."
"À sua maneira, Tom Hanks é
tão intenso quanto Russell. Ele
tem uma personalidade fácil, mas
se surge um problema, os alarmes
disparam tão claramente quanto
no de Russell Crowe", diz Howard, que tem Hanks estrelando
seu novo filme, "O Código Da
Vinci", baseado no best-seller de
Dan Brown.
Tradução de Paulo Migliacci
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