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15º VIDEOBRASIL
Coco Fusco convoca 50 "prisioneiros de guerra" para "escovar" representação norte-americana em SP
Performer quer "limpar" consulado dos EUA
Fernando Moraes/Folha Imagem
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Coco Fusco (de botas) e um de seus voluntários simulam a performance na avenida Paulista |
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje à tarde, cerca de 50 prisioneiros de guerra irão limpar com
suas escovas de dente a calçada
em frente ao Consulado dos Estados Unidos. No comando, estará
a "militar" Coco Fusco. Convidada pelo festival Videobrasil, a performer americana traz à cidade
seu novo trabalho, "Bare Life
Study # 1", no qual investiga as
técnicas de interrogatório e punição do Exército dos Estados Unidos. Leia trechos de sua entrevista
exclusiva à Folha -em tempo: os
"presos" são todos voluntários.
Folha - Você não tem medo da
reação do consulado?
Coco Fusco - Sou uma cidadã
americana. Temos direitos e um
deles é o de poder falar livremente. Tenho direito de me expressar.
Folha - O que a levou a criar essa
performance?
Fusco - Estou interessada no papel da mulher no Exército, especialmente nas mulheres que fazem interrogatórios. Observando
o que ocorreu na guerra no Iraque
e no Oriente Médio em geral, nas
atrocidades cometidas nas prisões havia muitas mulheres.
Folha - E qual o papel dessas mulheres?
Fusco - Nas prisões de Guantánamo [base norte-americana em
Cuba], as mulheres interrogadoras, por exemplo, usam o sexo.
Elas se vestem com lingerie para
embaraçar os prisioneiros árabes.
Há a história de uma interrogadora que usou sangue de menstruação falso, porque no Islã não é
permitido tocar numa mulher
menstruada, com a intenção de
passar o sangue aqui [aponta para
a testa]. Nunca passou pela minha
cabeça que elas poderiam ser usadas dessa forma. É uma coisa nova em nossa cultura. Uma idéia
diferente do envolvimento das
mulheres na guerra.
Folha - Qual o processo para fazer
essa obra?
Fusco - Encontrei um grupo de
interrogadores aposentados, que
trabalhou para o Exército dos Estados Unidos e que dá cursos para
não-militares. Juntei sete mulheres e, na primeira parte, simulamos ser prisioneiros de guerra.
Depois, aprendemos técnicas de
interrogatório. A idéia era filmar
esse processo e verificar como as
mulheres reagiam ao treinamento, além de desenvolver os personagens para a performance.
Folha - Onde entra a ação em SP?
Coco Fusco - Parte da interrogação é a preparação das fontes. Basicamente os interrogadores
põem a pessoa em uma situação
em que ela fica sem dormir, sem
comer e é forçada a fazer várias
atividades pesadas para ficar mais
vulnerável. Comecei a entender
que isso é parte da vida militar.
Daí desenvolvi a idéia para a obra.
"Bare Life Study # 1"
Quando: hoje, às 13h
Onde: Consulado dos Estados Unidos (r.
Henri Dunant, 700, Chácara Santo
Antônio, SP)
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