São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010 |
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Ásia extrema Com filmes enigmáticos, japonês Kiyoshi Kurosawa e tailandês Apichatpong Weerasethakul têm retrospectivas
BRUNO YUTAKA SAITO EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA O público que tem quebrado a cabeça para entender a lógica de "A Origem", sucesso de Christopher Nolan em cartaz, deve encarar com atenção as duas retrospectivas da mostra Indie 2010, que começa na próxima quinta-feira em São Paulo. Quebra de fronteiras entre sonho e realidade, estruturas que fogem do linear e finais em aberto são algumas das características das obras radicais do japonês Kiyoshi Kurosawa e do tailandês Apichatpong Weerasethakul. Apesar da extensa filmografia, dos prêmios em festivais como Cannes e do apelo junto ao público de mostras, os filmes não chegaram ao circuito comercial brasileiro. Weerasethakul é rapidamente identificado como autor de "filmes de arte". Já Kurosawa (nenhum parentesco com Akira) é um mistério. FANTASMAS Thriller, horror, filme de monstro e drama estão entre os gêneros que o diretor, observador atento dos males psíquicos da sociedade japonesa contemporânea, costuma desconstruir. "Cure" (cura), de 1997, obra que o tornou conhecido no Ocidente, começa como um filme de assassino ao estilo de "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (1995, de David Fincher), para logo se tornar uma reflexão metafísica sobre desejos reprimidos, a brevidade da vida, solidão e cobranças da sociedade. "A morte é o mais banal, mas o mais misterioso fenômeno de todos", diz Kurosawa à Folha por e-mail. O diretor se filia assim à longa tradição japonesa que aborda o tema de forma natural. "Não entendo por que o público ocidental é tão relutante em encarar a morte." Diferenças culturais, portanto, ajudam a explicar o fracasso do remake americano, com roteiro de Wes Craven, de "Pulse" (pulsação), terror sobre fantasmas que aparecem via internet e levam jovens ao suicídio. Em comum, os personagens de Kurosawa costumam subitamente despertar a consciência para algo insuportável. "Todos que vivem nos dias atuais têm problemas como solidão e incertezas sobre o futuro." INDIE 2010 ONDE Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 0/xx/11/3087-0500; 16 anos; site: www.indiefestival.com.br) QUANDO de 16 a 30/9 QUANTO grátis Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Diretor retrata medos da sociedade contemporânea Índice |
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