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NETVOX
Pesquisa diz que Internet provoca depressão
MARIA ERCILIA
Editora de Internet
O uso da Internet pode aumentar a depressão e a solidão
-esta é a conclusão de um estudo de dois anos, realizado por
pesquisadores da universidade
Carnegie Mellon (Pensilvânia,
EUA).
Segundo a pesquisa, foi encontrada uma correlação entre
o número de horas que os usuários passam na rede e seu nível
de depressão e diminuição do
círculo de amizades.
Deprimidos devem ter ficado
os patrocinadores do estudo:
Apple, IBM, Intel, HP, AT&T e
outros gigantes da indústria de
informática desembolsaram 1,5
milhão de dólares para o projeto, provavelmente esperando
resultados positivos.
Em vez de mostrar que a Internet é mais construtiva socialmente que a TV, a pesquisa
chegou à conclusão contrária.
Foram entrevistadas 169 pessoas, que anteriormente ao estudo não tinham acesso à Internet. Elas ganharam computadores, fizeram um treinamento
e responderam questionários
no começo do estudo e dois
anos depois.
O resultado da pesquisa, chamada de "HomeNet", acaba de
sair na revista "American
Psychologist".
Há uma série de problemas
com o estudo da universidade
Carnegie Mellon, apesar do dinheiro e do tempo gastos nele.
Alguns que me chamaram mais
a atenção:
As pessoas pesquisadas não
começaram a usar a Internet
espontaneamente. Ganharam
computadores e acesso de graça, especificamente para ser
avaliadas. Isso já torna a amostra bem diferente de usuários
que se conectaram voluntariamente.
Os autores da pesquisa não
têm como diferenciar se foi o
uso da Internet que afetou o
humor dos usuários, ou o uso
do computador. Talvez tivessem obtido o mesmo resultado
se as pessoas tivessem ficado o
mesmo número de horas no
computador, sem Internet, ou
na TV.
Os pesquisadores mediram o
uso da rede apenas pelo número de horas. Uma pessoa que
passa uma hora pesquisando
para um trabalho escolar, outra
que passa o mesmo tempo procurando desesperadamente por
companhia e uma terceira que
gasta 15 minutos respondendo
e-mail têm experiências muito
diferentes.
É como dizer que uma pessoa
que aluga uma ou duas comédias no sábado e outra que assiste uns oito filmes pornô por
semana são "usuários de vídeo".
As variações no humor dos
entrevistados são muito pequenas. Algo como um 1% a mais
de depressão para 4% de uso da
rede. Para a solidão, os valores
são ainda menores. Ninguém
começou a pesquisa num estado de ânimo normal e terminou
clinicamente deprimido.
Os pesquisadores dizem que
os entrevistados ficaram mais
deprimidos por causa da Internet, e não que passaram mais
tempo conectados por estarem
mais deprimidos, ou para tentar escapar da depressão.
Mas isso é muito difícil de
quantificar. Seria muito provável que algumas pessoas que estivessem atravessando períodos
negativos tivessem buscado a
Internet como válvula de escape. Numa amostra pequena como a desta pesquisa, é fácil desequilibrar os resultados assim.
Mas não precisa de pesquisa
de US$ 1,5 milhão para descobrir que nenhuma máquina
substitui o contato entre duas
pessoas. A Internet é mais uma
maneira de gastar o tempo, que
vem competir com todo o aparato da mídia pela nossa atenção.
Só que o tempo é um recurso
finito -o dia continua tendo
24 horas e nossa expectativa de
vida não vai aumentar drasticamente nos próximos anos.
A questão é: quem usa a Internet algumas horas por semana
está deixando de fazer o quê?
Brincar com os filhos, sair, ver
televisão? Eu já notei que leio
menos revistas e quase não vejo
TV, por exemplo. E você?
Russo mostra trabalho no Isea
"Revolution", do
russo Alexei Isaev, é
um dos trabalhos
que estão sendo
apresentados no Isea
98 (International
Symposium on
Electronic Art), que
acontece nesta
semana em duas
cidades inglesas,
Liverpool e
Manchester. Confira
no endereço
www.aha.ru/newart
E-mail: netvox@uol.com.br
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