São Paulo, Quinta-feira, 09 de Setembro de 1999
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RELÂMPAGOS
Cercanias

JOÃO GILBERTO NOLL

Quando passava por aquele desenho no muro, eu disfarçava, me socorria. Até que um dia não consegui me desvencilhar de suas vorazes artérias. Fiquei ali, sem sequência, restrito a incontáveis súbitos. Sob a crista já gangrenada de minha própria guarda. Abriguei-me na lanchonete do meu pai, fingindo estudar para as provas. Eu ouvia as conversas dos conhecidos, tentando esquecer a eletricidade maníaca do tal devaneio rupestre. Até que me internaram no sanatório da Paz, ali. Agora rondo pelas cercanias, para ver se consigo me espiar.


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