São Paulo, Quinta-feira, 09 de Setembro de 1999
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CINEMA
Nova versão de "O Rei e Eu", que mostra o amor de monarca por inglesa, também será banida no país
Filme revive polêmica na Tailândia

Associated Press
A atriz Jodie Foster, em cena de "Anna e o Rei"


de Londres

Em 1862, uma jovem professora britânica foi convidada para dar aulas de inglês e cuidar dos filhos do rei Mongkut de Sião (atual Tailândia). Quando retornou a Inglaterra, em 1867, Anna Leonowens escreveu um diário sobre o seu dia-a-dia na corte.
No livro, Anna descrevia um romance que teria acontecido entre ela e o monarca Mongkut, retratado em suas palavras como um homem cruel e selvagem, mas que se deixara seduzir pela delicadeza e pelo charme da mulher européia.
Os diários de Anna deram origem ao clássico musical "O Rei e Eu" (1956), dirigido por Walter Lang e que trazia o ator russo Yul Brynner no papel do rei e a escocesa Deborah Kerr, no de Anna.
Brynner já havia vivido o personagem numa montagem teatral da trama, em 1951, nos Estados Unidos. Também uma outra versão para o cinema, menos conhecida, foi filmada em 1946, com Rex Harrison e Irene Dunne como o casal protagonista.
O sucesso da versão com Brynner/Kerr, porém, foi o que celebrizou os diários de Anna Leonowens, gerando várias montagens teatrais até hoje, uma série de TV nos anos 70 e um desenho animado para o cinema.
Agora, a história de Anna e o rei Mongkut está sendo novamente revisitada e promete ser um dos blockbusters deste final de ano. "Anna e o Rei", em fase final de filmagem, terá sua estréia nos EUA e na Europa em 24 de novembro deste ano.
A atriz americana Jodie Foster e o chinês Chow Yun-Fat viverão, respectivamente, a professora inglesa e o rei de Sião. A direção é de Andy Tennant.

Polêmica
A veracidade das palavras de Anna Leonowens em seu diário, porém, tem sido novamente objeto de um ardente debate.
Os historiadores tailandeses refutam que tenha havido qualquer proximidade entre Anna e o rei na vida real, tendo ambos se encontrado apenas uma ou duas vezes nos cinco anos em que ela permaneceu dando aulas na corte.
A exibição do filme de 1956 é proibida na Tailândia desde o seu lançamento. O órgão nacional de censura do país considera a visão ocidental da biografia do rei preconceituosa. Há, ainda assim, um comércio de cópias piratas em vídeo. A nova versão também será banida nos cinemas do país.
O governo local impediu inclusive que as filmagens fossem realizadas em solo nacional, levando equipe e elenco a rodarem as imagens em locações no interior da vizinha Malásia. Ali foram construídas réplicas do palácio real de Bancoc e outros sítios históricos da capital tailandesa.
As restrições feitas pela censura local dizem respeito a como o rei é retratado por Anna como um oriental ignorante apaixonado pelas virtudes e tecnologia do Ocidente em detrimento da tradição tailandesa. Também consideram preconceituosa a apresentação da relação do monarca com suas diversas concubinas e sua posição autoritária quanto aos serviçais. (SYLVIA COLOMBO)


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