São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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MERCADO EDITORIAL

Começa hoje na Alemanha o maior evento do mundo no gênero, com menos espaço, editoras e livros

Feira de Frankfurt encolhe em 54ª edição

CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

A idéia central continua sendo a tradicional "Por que ir a Frankfurt? Porque todos vão a Frankfurt". Mas, em sua 54ª edição, que começa hoje, o maior evento do mercado editorial no mundo sinaliza mais uma vez que, ainda que lentamente, seu prestígio vai descendo a ladeira.
Todos os números apontam para baixo. Este ano, o evento terá 400 expositores a menos do que em 2001, em uma área 9.000 metros quadrados menor e com 70 mil livros subtraídos.
O declínio não se explica só pela perda gradual de glamour que a Feira de Livros de Frankfurt vem registrando desde os anos 90, graças aos avanços comunicacionais. Na era da internet, os negócios editoriais passaram a ser fechados durante todo o ano, não apenas no outubro alemão.
Fatores como o 11 de setembro, a diminuição no crescimento econômico das principais potências mundiais e a ameaça de uma nova guerra empurraram a indústria do livro para baixo em 2002 -e com ela vai Frankfurt.
"Pela primeira vez vamos ver uma diminuição significativa no número de expositores. E aqueles que virão estão reduzindo seus espaços expositivos", diz Holger Ehling, porta-voz da feira.
"O mercado editorial vive um difícil clima econômico", complementa o novo diretor do evento, Volker Neumann, que até recentemente era um dos comandantes da editora Random House, gigante editorial também em crise.
Para as editoras brasileiras, claro, não foi diferente em ano de subida do dólar. O estande da Câmara Brasileira do Livro, que tradicionalmente agrupa o maior número de expositores nacionais, continua do mesmo tamanho. Mas o número de editoras caiu drasticamente. Das mais de 50 que já ocuparam seus 180 metros quadrados em outras edições, ficaram 22 para esta edição -algumas, como a Rocco, estão em Frankfurt, mas sem estandes.
A Editora da Universidade do Sagrado Coração, de Bauru (SP), escolhida pelo projeto Frankfurt Book Fair Fellowship, a agente literária Marisa Moura, da empresa Página da Cultura, e o editor Sérgio Machado, presidente da Record, são convidados da feira.
Também vêm em peso, à custa do evento alemão, editores e escritores da Lituânia, país homenageado este ano. A tradição de celebrar a literatura de uma nação a cada evento deve terminar depois do ano que vem, quando a Rússia é a convidada.
No lugar, a feira deve intensificar debates de um tema, como o "Pontes para um Mundo Dividido", que serve como piloto este ano, em eventos com autores como o escritor israelense Amos Oz e a canadense Naomi Klein.


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