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Jardim elétrico
Celebrado quinteto Fleet Foxes, de Seattle, mergulha no cancioneiro do rock
e mistura letras de clima bucólico e pastoral com arranjos vocais complexos
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase uma experiência religiosa. Descrição perfeita da
América rural. Doce melancolia. Puro prazer. Utilizando instrumentos simples, o Fleet Foxes faz música que desperta
sensações variadas no ouvinte.
Já as críticas à banda são uniformes: se baseiam em elogios.
Quinteto saído de Seattle, a
terra do grunge, o Fleet Foxes
surpreendeu o mundo pop no
início do ano, com uma apresentação descrita como arrebatadora no festival South by
Southwest, no Texas. Em junho, com o lançamento do disco de estréia, homônimo, os
aplausos se multiplicaram.
A empolgação em torno do
Fleet Foxes é motivada pela beleza de suas canções, que são
compostas a partir de harmonias vocais complexas (duas,
três ou até quatro vozes criando climas distintos).
Nesse sentido, são comparados a bandas como Beach Boys
e Crosby, Stills & Nash, artistas
que ficaram famosos por construir canções que possuem arranjos sinuosos mas que conservam um viés pop.
"Crescemos ouvindo Beach
Boys e bandas que se preocupavam com a harmonia das canções, então há uma preocupação com isso nas nossas músicas", diz à Folha, por telefone,
Casey Wescott, tecladista e vocalista do grupo. "Pensamos
nos arranjos vocais, na forma
como as letras são cantadas. A
melodia tem de ser forte...".
Além de Wescott, o Fleet Foxes é formado por Robin Pecknold, vocalista e guitarrista;
Skye Skjelset, guitarrista; Joshua Tillman, baterista e vocalista; e Christian Wargo, baixista.
Pecknold é o principal compositor, responsável por letras
que muitas vezes funcionam como paisagens desenhadas por
rios, árvores, montanhas, pôr-do-sol. Coisas que já foram cantadas por muita gente, mas que
ganham contornos às vezes
agressivo, às vezes inconformista, com o Fleet Foxes.
Van Morrison, Crosby, Stills
& Nash, Beach Boys, Bob Dylan,
The Zombies, The Birds, até
Marvin Gaye -o Fleet Foxes
mergulha fundo no cancioneiro
do rock e emerge com material
suficiente para produzir um
amálgama criativo e original.
Até Mutantes pode ser citado
como influência da banda.
Bandolins e piano são utilizados para emprestar às canções
um clima insinuante.
"O bandolim possui notas
com um brilho diferente, que
tornam a melodia mais distinta.
Já o piano traz uma certa sensação de calmaria à canção. Talvez
sejam esses detalhes que façam
a banda soar diferente de outros
grupos."
Pecknold já tentou explicar a
origem das músicas do Fleet
Foxes: "Nos sentimos bem-sucedidos se fazemos uma canção
em que cada instrumento faz algo interessante e melódico. Nos
inspiramos na tradição da música folk, pop, corais gospel, psicodelia barroca, música da Costa
Oeste [dos EUA], música tradicional da Irlanda e do Japão, trilhas sonoras. E somos inspirados pela música de nossos amigos de Seattle".
Longe do grunge
Para penetrar no mundo pastoral e alegremente bucólico do
Fleet Foxes, um bom ponto de
partida é "White Winter
Hymnal", uma espécie de hino
que faz lembrar Arcade Fire
-pode ser ouvida no www.myspace.com/fleetfoxes.
Wescott comenta um pouco
sobre a música: "Robin apareceu com a canção e então fomos ao estúdio que mantenho
em casa para terminá-la. Gravamos boa parte das músicas
assim, na minha casa. Fizemos
essa canção bem rápido, na
verdade, porque queríamos
que ela soasse simples. Demoramos muito mais para fazer o
arranjo de outras canções".
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