São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Vivo hoje uma fase mágica", diz Martins

Pianista rege concerto na Sala São Paulo e marca 2 anos da Fundação Bachiana

Martins, concertista que teve problemas nas mãos e agora atua como regente, faz apresentação cuja renda irá para fundação ambiental


AUDREY FURLANETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Horas antes de seu ensaio com a Orquestra Bachiana Filarmônica, na última terça-feira, o maestro João Carlos Martins está sentado num dos sofás vermelhos da ampla sala de sua cobertura no bairro dos Jardins, em São Paulo.
De costas para o piano, volta-se para o instrumento como se este pudesse participar da conversa. Aquele modelo Petrof, de cauda, está com ele há 20 anos -um terço dos 60 de carreira que o maestro completa neste ano. É no mesmo Petrof que Martins mostra "Luiza", de Tom Jobim, um dos compositores no programa do concerto com a Bachiana hoje, às 21h, na Sala São Paulo.
Além de reger a Suíte Brasileira, de Mateus Araújo, em defesa da Amazônia, e a Suíte Orquestral nº 3, de Bach, o maestro, que deixou de tocar regularmente piano por problemas nas mãos em 2003, tocará Mozart, Piazzolla e Jobim. O concerto, para promover o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), é o mesmo apresentado no Carnegie Hall no último mês de maio, com ingressos a US$ 2 (cerca de R$ 3, na cotação daquele mês).
"Eu via o Sting fazendo concerto pela Amazônia e pensava: no social, eu nado de braçadas; no ambiental, eu não posso dizer que é o verdadeiro motivo da minha vida", conta o regente. "Mesmo em concertos isolados, acredito que temos chamado atenção das pessoas para essa questão ambiental."
De fato, o trabalho social de Martins ficou mais conhecido.
O concerto na Sala São Paulo marca os dois anos da Fundação Bachiana, formada pelas orquestras Bachiana Filarmônica e Bachiana Jovem, a Bachianinha. "Estou vivendo a fase mágica da minha vida", diz.

Casaca e camiseta
Em junho deste ano, Martins fez a primeira visita à Fundação Casa, antiga Febem. Assinou um convênio e encontra os internos a cada 15 dias. Os alunos compõem e entregam peças ao regente que pretende organizar um concurso. "Vamos escolher uma composição e tocá-la na Sala São Paulo em 2009."
O projeto surgiu dois anos depois de consolidada a Fundação Bachiana. Com até 67 músicos, de acordo com o repertório, a Bachiana, orquestra principal da fundação, procurou seus integrantes em bairros da periferia da capital. Ao todo, com os concertos também da Bachianinha, foram 110 apresentações em 2007.
Antes do programa de hoje, Martins vai exibir um vídeo de oito minutos. "De Casaca e Camiseta" reúne imagens do regente ainda jovem, dos concertos de casaca no Carnegie Hall aos encontros -agora de camiseta- com os jovens músicos da periferia de São Paulo.


BACHIANA FILARMÔNICA EM DEFESA DA AMAZÔNIA
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, SP; tel. 0/xx/11/ 3223-3966)
Quanto: R$ 50 a R$ 90
Classificação indicativa: livre



Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Para ex-pianista, ligação com Maluf foi seu "período negro"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.