São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CRÍTICA DRAMA

Yimou faz melodrama para arrancar lágrimas

Diretor usa revolução chinesa só para gerar impacto visual em "A Árvore do Amor", que Festival do Rio exibe

PEDRO BUTCHER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

Depois de "Uma Mulher, uma Arma e uma Loja de Macarrão" (2009), bizarra e ultracolorida refilmagem de "Gosto de Sangue" (1984), dos irmãos Ethan e Joel Coen, Zhang Yimou volta a um terreno que lhe é bem familiar em "A Árvore do Amor".
Assim como "Nenhum a Menos" (1999) e "O Caminho para Casa" (2000), seu novo longa-metragem é um melodrama de visual apuradíssimo, com um desfecho milimetricamente calculado para arrancar lágrimas.
No entanto, desde que Yimou se tornou o que há de mais próximo de um cineasta oficial da nova China (fase que começou em 2002, com o épico "Herói"), seus filmes se parecem com aquelas enormes pinturas que ocupam paredes inteiras dos museus mais nobres: espetáculos grandiosos e quase sempre bonitos, mas um tanto sem alma.
Pode parecer estranho dizer isso de "A Árvore do Amor", em que o diretor busca com todas as forças reencontrar um tom humanista e poético, mas o fato é que seus dois personagens centrais, a professorinha Jing (Zhou Dongyu) e o estudante de geologia Sun (Shawn Dow), não existem para além dos interesses do melodrama e do choro artificial.
Yimou parece ter escorregado até mesmo na escolha dos atores, algo em que sempre foi craque (não custa lembrar que ele revelou Gong Li e Zhang Ziyi).
Desta vez, seus dois jovens protagonistas não dão conta da carga emocional exigida pela trama.
A mesma carência que se vê no desenvolvimento dos personagens surge também no desenho do pano de fundo histórico, a Revolução Cultural chinesa.
Jing e Sun se conhecem quando ela é deslocada da cidade para o campo, mas a força histórica, aqui, é usada só para gerar impacto visual.
Tudo isso resulta em um filme plasticamente belo e, até certo ponto, comovente, mas que está excessivamente subserviente às regras e aos padrões dramatúrgicos do melodrama para ser capaz de transcendê-lo e ganhar uma vida própria.

A ÁRVORE DO AMOR
DIREÇÃO
Zhang Yimou
PRODUÇÃO China, 2010
COM Zhou Dongyu, Shawn Dou
QUANDO hoje, às 19h30, no Cine Carioca; dia 16, às 19h, no Cine Sesc; dia 18, às 13h40 e às 20h10, no Estação Vivo Gávea; dia 19, às 16h30 e às 21h30, no Roxy; e dia 20, às 14h15 e às 21h15, no Estação Sesc Rio
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO regular



Texto Anterior: 'Corrida para a internet é um tiro no pé', diz Boni
Próximo Texto: Destaques de hoje
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.