São Paulo, sexta, 9 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FESTIVAL
O cinema está de volta a Brasília

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

A 31ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que começa neste domingo, promete entrar para a história.
A seleção dos longas-metragens em competição é, seguramente, a melhor da década (veja arte abaixo), mesclando nomes consagrados com valores da nova geração cinematográfica.
Só um longa concorrente não é inédito: "Kenoma", de Eliane Caffé, já exibido em São Paulo e premiado no último fim-de-semana no festival de Biarritz (França).
A principal mudança que propiciou o fortalecimento do festival foi financeira. Os recursos destinados à premiação -pulverizados em vários prêmios até o ano passado- este ano serão concentrados no melhor filme, que sairá de Brasília com R$ 50 mil.
Além disso, o festival destinará R$ 120 mil para a publicidade dos seis concorrentes na imprensa.
Com esse atrativo, 15 longas se inscreveram no festival, que em anos anteriores teve dificuldades para juntar um número razoável de participantes.
O critério da preferência por filmes inéditos, estabelecido nos estatutos, não foi seguido à risca. Alguns inéditos ficaram de fora, e o não-inédito "Kenoma" entrou.
"Acho que prevaleceu o critério da qualidade", justifica o coordenador-geral do festival, Nilson Rodrigues.
"A comissão julgou que não fazia sentido colocar mais um inédito só por ser inédito."
Além dos longas-metragens, competem em Brasília 12 curtas em 35 mm (escolhidos entre 74 inscritos) e 17 curtas e médias em 16 mm (de 82 inscritos).
²
Júri
Fazem parte do júri de longas e curtas em 35 mm os cineastas Luiz Carlos Lacerda, Sérgio Silva e Tânia Savietto, o crítico e escritor Jean-Claude Bernardet, a socióloga Aspásia Camargo, o fotógrafo Rogério Duarte e o ator Sérgio Mamberti.
No júri dos filmes em 16 mm, todos são cineastas: Andrea Tonacci, Maurice Capovilla, Ney Sant'Anna (que também é ator), Betsy de Paula e Marina Person (que também apresenta o "Cine MTV").
²
Centro de discussão
De acordo com Rodrigues, o Festival de Brasília quer retomar seu papel não só de propulsionador dos filmes participantes, mas também de centro de discussão dos rumos do cinema brasileiro.
Para isso, o evento promoverá este ano três seminários: "Cinema Brasileiro Hoje", "Crítica - Encontros e Confrontos" e "Cinema Afro-Ibero-Americano".
No primeiro, organizado pelos cineastas Gustavo Dahl e Augusto Sevá, produtores, cineastas e exibidores vão discutir a situação do mercado cinematográfico no país.
Do seminário sobre a crítica participarão, entre outros, os cineastas Nelson Pereira dos Santos e Fábio Barreto e os jornalistas Sérgio Dávila, editor da Ilustrada, e Evaldo Mocarzel, editor do "Caderno 2", do jornal "O Estado de São Paulo".
O seminário sobre cinema afro-ibero-americano terá a participação de representantes de Portugal, Cuba e países africanos para discutir temas como identidade nacional e acordos de co-produção.
"Além disso, estamos propondo a realização em Brasília, em fevereiro ou março, de um Congresso Brasileiro de Cinema, com representantes de todos os segmentos da atividade, para fazer um diagnóstico da situação e encaminhar soluções", diz Rodrigues.
O festival, que é promovido pela Fundação Cultural do Distrito Federal, está orçado em R$ 700 mil.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.