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FESTIVAL
O cinema está de volta a Brasília
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
A 31ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que começa neste domingo, promete entrar para a história.
A seleção dos longas-metragens
em competição é, seguramente, a
melhor da década (veja arte abaixo), mesclando nomes consagrados com valores da nova geração
cinematográfica.
Só um longa concorrente não é
inédito: "Kenoma", de Eliane Caffé, já exibido em São Paulo e premiado no último fim-de-semana
no festival de Biarritz (França).
A principal mudança que propiciou o fortalecimento do festival
foi financeira. Os recursos destinados à premiação -pulverizados
em vários prêmios até o ano passado- este ano serão concentrados
no melhor filme, que sairá de Brasília com R$ 50 mil.
Além disso, o festival destinará
R$ 120 mil para a publicidade dos
seis concorrentes na imprensa.
Com esse atrativo, 15 longas se
inscreveram no festival, que em
anos anteriores teve dificuldades
para juntar um número razoável
de participantes.
O critério da preferência por filmes inéditos, estabelecido nos estatutos, não foi seguido à risca. Alguns inéditos ficaram de fora, e o
não-inédito "Kenoma" entrou.
"Acho que prevaleceu o critério
da qualidade", justifica o coordenador-geral do festival, Nilson Rodrigues.
"A comissão julgou que não fazia
sentido colocar mais um inédito só
por ser inédito."
Além dos longas-metragens,
competem em Brasília 12 curtas
em 35 mm (escolhidos entre 74
inscritos) e 17 curtas e médias em
16 mm (de 82 inscritos).
²
Júri
Fazem parte do júri de longas e
curtas em 35 mm os cineastas Luiz
Carlos Lacerda, Sérgio Silva e Tânia Savietto, o crítico e escritor
Jean-Claude Bernardet, a socióloga Aspásia Camargo, o fotógrafo
Rogério Duarte e o ator Sérgio
Mamberti.
No júri dos filmes em 16 mm, todos são cineastas: Andrea Tonacci,
Maurice Capovilla, Ney Sant'Anna
(que também é ator), Betsy de Paula e Marina Person (que também
apresenta o "Cine MTV").
²
Centro de discussão
De acordo com Rodrigues, o Festival de Brasília quer retomar seu
papel não só de propulsionador
dos filmes participantes, mas também de centro de discussão dos rumos do cinema brasileiro.
Para isso, o evento promoverá
este ano três seminários: "Cinema
Brasileiro Hoje", "Crítica - Encontros e Confrontos" e "Cinema
Afro-Ibero-Americano".
No primeiro, organizado pelos
cineastas Gustavo Dahl e Augusto
Sevá, produtores, cineastas e exibidores vão discutir a situação do
mercado cinematográfico no país.
Do seminário sobre a crítica participarão, entre outros, os cineastas Nelson Pereira dos Santos e Fábio Barreto e os jornalistas Sérgio
Dávila, editor da Ilustrada, e Evaldo Mocarzel, editor do "Caderno
2", do jornal "O Estado de São Paulo".
O seminário sobre cinema afro-ibero-americano terá a participação de representantes de Portugal,
Cuba e países africanos para discutir temas como identidade nacional e acordos de co-produção.
"Além disso, estamos propondo
a realização em Brasília, em fevereiro ou março, de um Congresso
Brasileiro de Cinema, com representantes de todos os segmentos
da atividade, para fazer um diagnóstico da situação e encaminhar
soluções", diz Rodrigues.
O festival, que é promovido pela
Fundação Cultural do Distrito Federal, está orçado em R$ 700 mil.
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