LÚCIA RODRIGUES
da Redação

Imagine-se atravessando um corredor. Logo na entrada você passa por tufos de canecalon (cabelo sintético). Em seguida, dá de cara com oito "banners", como aqueles de publicidade, que vão do teto até o chão e mostram poesias visuais.
Dois televisores passam recortes da trajetória de três artistas: Arnaldo Antunes, Lenora de Barros e Walter Silveira, os autores dessa instalação.
Nesse ambiente, nem mesmo a parede é apenas uma parede. Montada pelo compositor Arnaldo Antunes, seus 40 metros de comprimento são uma colagem de palavras que, para um visitante mais desatento, podem parecer sem lógica.
Mas, na verdade, foram repetidas e marcadas incessantemente no "Manifesto Antropófago", escrito em 1928 por Oswald de Andrade.
Tudo isso ainda está envolto em um ambiente sonorizado, com leituras de poemas especialmente escolhidos para a ocasião. Denominado "A Contribuição Multimilionária de Todos os Erros" -uma paródia à obra do poeta modernista-, cada fragmento dialoga com a cultura antropofágica.
Para o poeta gráfico Walter Silveira, o fator mais importante da instalação foi explorar a palavra em todos os sentidos possíveis: na música, na voz (com a leitura dos poemas), na escrita, no sentido e no visual da palavra.
Aproveitando o tema da 24ª Bienal Internacional de São Paulo, essa constelação de trabalhos faz parte de uma homenagem a Oswald de Andrade e seu manifesto modernista.
Mas não é só o tema que esses trabalhos têm em comum. Eles têm uma intertextualidade.
"Quisemos valorizar nesse espaço a intersecção entre nossos trabalhos. Claro que cada um de nós tem sua identidade artística, mas existe uma unidade entre as peças", disse a artista Lenora de Barros.
Para quem quiser ver o resultado final da reunião desses três artistas com uma de suas principais referências no meio artístico, a instalação fica no corredor de interligação entre o Pavilhão da Bienal e o MAC (Museu de Arte Contemporânea), no parque Ibirapuera.
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Mostra: A Contribuição Multimilionária de Todos os Erros
Onde: parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, entrada pelo portão 10, região sudoeste)
Quando: até 13 de dezembro
Horário: ter. a sex, das 13h às 21h, e sáb. e dom., das 10h às 22h



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