São Paulo, Terça-feira, 09 de Novembro de 1999
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Rent

Ennio Brauns/Folha Imagem
Cena de "Rent", primeira de uma série de montagens de musicais da Broadway que serão apresentadas no teatro Ópera



O maior sucesso recente da Broadway estréia quinta-feira em São Paulo com roupagem nacional; montagem brasileira da peça de Jonathan Larson fala sobre Aids e juventude e e´considerada a "La Boheme" deste fim de século


ANA PAULA RAGAZZI
da Redação

Roger sonha compor uma música que o deixe para a posteridade. Mimi é uma bailarina que vive uma grande desilusão amorosa. Angel costuma ser procurado para alegrar os amigos, mas no fundo se sente muito só. Mark quer se tornar famoso por fazer um grande filme, sem que para isso tenha de se "vender ao sistema".
Todos eles são amigos, têm vinte e poucos anos e vivem rodeados por dúvidas, pela violência urbana, pelo sexo, pelas drogas e pela necessidade de conseguir dinheiro para pagar o aluguel.
Estes são os protagonistas do musical "Rent", de Jonathan Larson, um dos grandes sucessos recentes da Broadway, que ganha sua versão brasileira a partir da próxima quinta-feira, no teatro Ópera, em São Paulo.
À primeira vista, eles parecem jovens como outros quaisquer, não fosse o fato de que suas tristezas têm um agravante: Roger, Mimi e Angel têm Aids. Eles convivem, no auge de suas juventudes, com a morte.
"A peça narra um dilema da minha geração. O medo que nós sentimos de ter uma intimidade com alguém, por causa da Aids", conta Daniel Ribeiro, 23, intérprete de Mark.
Para os jovens personagens de Rent, não existe amanhã. "Mas não se trata de um melodrama. Eles são jovens e, se para eles não existe amanhã, é porque eles vão lutar para conseguir o que querem hoje", afirma a diretora artística do musical, Tania Nardini.
Segundo Tania, apesar de falar muito em morte, a peça é uma celebração da vida.
Na definição do autor, "Rent" é sobre uma comunidade "celebrando a vida, em face da morte e da Aids, na virada do milênio". Para escrever o texto, Larson teve como base a ópera "La Bohème", de Puccini -escrita numa época em que o "mal-do-século" era outro, a tuberculose.
Larson não chegou a ver sua obra encenada -morreu no dia 25 de janeiro de 96, aos 35 anos, dois dias antes da estréia de "Rent", vítima de um aneurisma cerebral.
A versão brasileira seguiu todas as diretrizes da montagem original. Texto e música foram traduzidos literalmente. "Não houve necessidade de adaptações. O texto fala de valores que são universais na vida dos jovens, além de abordar questões da vida moderna", diz a diretora.
O elenco da produção brasileira, assim como o da norte-americano, é composto por artistas iniciantes. Há dois meses foram realizados testes para a escolha dos atores (leia texto à pág. 4-7).
"A peça se torna verdadeira porque os meninos estão interpretando um pouco da vida deles. Eles estão aqui porque, como os personagens da peça, desejam um dia se tornar artistas de sucesso", diz a diretora.




Peça: Rent Autor: Jonathan Larson Diretora Artística: Tania Nardini
Com: André Dias, Andréa Marquee, Daniel Ribeiro, Robson Moura e outros
Quando: qui. e sex., às 21h; sáb. às 20h e às 23h15; dom., Às 18h e às 21h. Estréia dia 11, só para convidados
Onde: teatro Ópera (r. Rua Barbosa, 266, São Paulo, tel. 0/xx/11/3171-1277)
Quanto: de R$25 a R$ 50



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