INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Onde está o conhecimento: nos livros ou nas ruas? O que ele é: erudição ou experiência? Howard Hawks (1896-1977) sempre se perguntou sobre o conhecimento, sua origem e natureza, talvez nunca de maneira tão explícita quanto em "Bola de Fogo".
Na trama, Gary Cooper é o mais novo de um grupo de sábios trancados há anos numa casa soturna a fim de levar a cabo a missão de escrever uma grande enciclopédia. Barbara Stanwick não quer tanto: essa garota duvidosíssima, às voltas com a polícia e com um namorado gângster, precisa de refúgio, e a casa horrorosa dos sábios ingênuos vem a calhar.
Aí começam as coisas a se complicar, pois Gary Cooper, trancafiado há anos com os velhinhos, sente muito bem o que representa aquela bela garota. Ele deixa escrúpulos de lado e inventa que ela o ajuda a conhecer a gíria, item que acrescenta à enciclopédia com rapidez.
A garota, por sua vez (que leva o sintomático nome de Sugarpuss), descobrirá que sob o pó dos livros existe em Cooper um homem que não é de jogar fora. Trata-se de uma dessas descobertas que se fazem aos poucos: é um privilégio de pessoas curiosas. Mas ela manterá a ambiguidade em relação a ele por um bom tempo, ainda.
A disputa entre teoria e prática vai se consubstanciar (quer dizer: ganhar forma, ganhar imagem) no momento em que Gary Cooper, tendo um adversário a enfrentar, mune-se de um livro sobre lutas de boxe. O que triunfará? Isso é o que veremos, mas de certa forma não veremos: o próprio de Hawks é, uma vez cercado seu objeto, deixá-lo no ar, irresolvido, enquanto a comédia propriamente dita parte para uma espiral que se diria enlouquecida caso não soubéssemos que Hawks controla tudo.
A questão lançada sobre teoria e prática fica na nossa mão, ou na nossa cabeça, como o filme.

Guerra Biológica
Globo, 13h05.
(The Patriot). EUA, 98, 90 min. Direção: Dean Semler. Com Steven Seagal, Gailard Sartain, L.Q. Jones. Terroristas lançam arma biológica na cidade onde mora o dr. Seagal, que doravante correrá para evitar que vírus se dissemine.

Uma Pulga na Balança
Cultura, 15h30.
Brasil, 53. Direção: Luciano Salce. Com Waldemar Wey, Paulo Autran, Jaime Batista, Xandó Batista. Ladrão deixa-se prender para, da cadeia, chantagear parentes de gente importante. Sátira de costumes que, vista hoje, parece meio constrangida, mas as imagens de São Paulo valem o espetáculo. P&B.

Durango Kids
Record, 18h45.
(Durango Kids). EUA, 99, 90 min. Direção: Ashton Root. Com Curtis Williams, Brendon Ryan Barrett. Crianças acham poço que contém o segredo do tempo e lhes permite ir até uma cidade perdida, em busca de ouro roubado no século 19.

Diário de um Adolescente
Bandeirantes, 20h30.
(The Basketball Diaries). EUA, 95, 101 min. Direção: Scott Kalvert. Com Leonardo DiCaprio, Bruno Kirby, Lorraine Bracco. DiCaprio é o jogador de basquete que registra, num diário, suas aventuras pessoais e, especialmente, a dependência das drogas, que vitima a ele e a alguns amigos do time do colégio. Baseado no livro de Jim Carrol.

Matrix
SBT, 22h.
EUA, 99, 136 min. Direção: Andy e Larry Wachowski. Com Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss. Hacker brinca de realidade virtual até descobrir que ela não é virtual (ou então que tudo é virtual). Ao contrário: Matrix é o sistema que tomou conta do universo. Ou: as dores da realidade virtual ao alcance de todos.

Máquina Mortífera
Globo, 23h05.
(Lethal Weapon). EUA, 87, 110 min. Direção: Richard Donner. Com Mel Gibson, Danny Glover. Primeiro encontro entre o policial atiradiço (Gibson) e seu parceiro cauteloso (Glover), aqui enfrentando traficantes. Muita ação e algum humor garantem a diversão.

O Espião que Veio do Frio
Bandeirantes, 0h.
(The Spy who Came in from the Cold). EUA/Inglaterra, 65, 112 min. Direção: Martin Ritt. Com Richard Burton, Oskar Werner, Claire Bloom. Burton faz o espião britânico que, para melhor executar uma missão, finge que desertou. Porém ele descobre que está sendo usado por seus chefes. Memorável. P&B. Legendado.

Na Corda Bamba
Globo, 1h05.
(Sling Blade). EUA, 96, 140 min. Direção: Billy Bob Thornton. Com Billy Bob Thornton, John Ritter, Robert Duvall. Thornton escreveu o roteiro, dirigiu e fez o deficiente mental Karl que, após 25 anos num asilo para alienados criminosos (matou a mãe e um homem), volta à cidade natal. Oscar de melhor roteiro adaptado. Inédito.

Esqueça Paris
Globo, 3h20.
(Forget Paris). EUA, 95, 101 min. Direção: Billy Crystal. Com Billy Crystal, Debra Winger. Juiz de basquete (Crystal) apaixona-se por mulher que vive em Paris (Winger). Seguem-se problemas matrimoniais. (IA)


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