São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Galeano se diz preso a "Veias"

Escritor uruguaio afirma que a sua obra anti-imperialista publicada em 1971 foi somente um "ponto de partida'

Durante a Fliporto, na Bahia, o autor falou sobre literatura e ideologia e fez elogios ao presidente venezuelano, Hugo Chávez

RAQUEL COZER
ENVIADA ESPECIAL A PORTO DE GALINHAS (PE)

Eduardo Galeano, 69, sente-se "prisioneiro" de "As Veias Abertas da América Latina", obra de teor anti-imperialista de 1971. A confissão do uruguaio foi feita na quinta-feira, na Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas (PE).
"O livro foi só o ponto de partida", disse o escritor em seu português quase perfeito na abertura da 5ª Fliporto. À Folha, no sábado, explicou: "É uma relação estranha. Tenho orgulho porque o livro marcou gerações, mas, sendo tão citado, faz parecer que parei ali."
No evento, o escritor leu trechos do recente "Espelhos", que para ele "não acaba nos limites da América Latina nem do tempo". Mas a evolução pela qual diz ter passado não é bem ideológica. ""Veias Abertas" tem lamentável atualidade, embora corresponda a um momento exato da história. O que mudou foi meu estilo, hoje prefiro dizer muito com pouco."
Ideologia é palavra que o autor rejeita, citando Marx. "É o disfarce das ideias, não o conjunto delas. Prefiro falar em ideias", disse, para depois negar a possibilidade de uma literatura sem ideologia: "Não há literatura sem ideias. Elas podem ser medíocres, mas estão lá".
Sobre o papel de Lula no cenário mundial, preferiu não opinar, já que "para falar sobre uma realidade, é preciso ficar dentro dela". Mas ver a situação de fora não o impediu de apoiar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, "defensor dos recursos naturais de seu país". "Acho que ele está sendo demonizado, que não deve ser ruim como dizem, não sei."
Chávez fez de "Veias Abertas" um hit nos EUA, ao presentear Obama com um exemplar. Galeano diz: "Como escreveu o espanhol Antonio Machado, "qualquer néscio confunde valor com preço'".


A jornalista RAQUEL COZER viajou a convite da Fliporto

Texto Anterior: Música: Pai de Michael Jackson quer aumento de pensão
Próximo Texto: Resumo das novelas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.