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Galeano se diz preso a "Veias"
Escritor uruguaio afirma que a sua obra anti-imperialista
publicada em 1971 foi somente um "ponto de partida'
Durante a Fliporto, na Bahia,
o autor falou sobre
literatura e ideologia e fez
elogios ao presidente
venezuelano, Hugo Chávez
RAQUEL COZER
ENVIADA ESPECIAL A PORTO DE
GALINHAS (PE)
Eduardo Galeano, 69, sente-se "prisioneiro" de "As Veias
Abertas da América Latina",
obra de teor anti-imperialista
de 1971. A confissão do uruguaio foi feita na quinta-feira,
na Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas (PE).
"O livro foi só o ponto de partida", disse o escritor em seu
português quase perfeito na
abertura da 5ª Fliporto. À Folha, no sábado, explicou: "É
uma relação estranha. Tenho
orgulho porque o livro marcou
gerações, mas, sendo tão citado, faz parecer que parei ali."
No evento, o escritor leu trechos do recente "Espelhos",
que para ele "não acaba nos limites da América Latina nem
do tempo". Mas a evolução pela
qual diz ter passado não é bem
ideológica. ""Veias Abertas" tem
lamentável atualidade, embora
corresponda a um momento
exato da história. O que mudou
foi meu estilo, hoje prefiro dizer muito com pouco."
Ideologia é palavra que o autor rejeita, citando Marx. "É o
disfarce das ideias, não o conjunto delas. Prefiro falar em
ideias", disse, para depois negar
a possibilidade de uma literatura sem ideologia: "Não há literatura sem ideias. Elas podem
ser medíocres, mas estão lá".
Sobre o papel de Lula no cenário mundial, preferiu não
opinar, já que "para falar sobre
uma realidade, é preciso ficar
dentro dela". Mas ver a situação de fora não o impediu de
apoiar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, "defensor
dos recursos naturais de seu
país". "Acho que ele está sendo
demonizado, que não deve ser
ruim como dizem, não sei."
Chávez fez de "Veias Abertas" um hit nos EUA, ao presentear Obama com um exemplar.
Galeano diz: "Como escreveu o
espanhol Antonio Machado,
"qualquer néscio confunde valor com preço'".
A jornalista RAQUEL COZER viajou
a convite da Fliporto
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