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Gibi radiografa vida de Johnny Cash
HQ do alemão Reinhard Kleist traz desenhos simples, mas que destacam a história do músico americano
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Começou com a ideia vaga de
tornar a música visível nas páginas de um gibi. Então veio o
projeto de utilizar HQs para
narrar uma biografia. Só depois
é que o artista alemão Reinhard
Kleist escolheu o assunto: o
músico Johnny Cash.
O resultado: o gibi "Johnny
Cash: Uma Biografia" (ed. 8Inverso; R$ 44; 224 págs.), que
chegou em outubro às livrarias.
O cantor norte-americano,
porém, não era a primeira opção de Kleist. "Eu me tornei fã
dele depois de começar a pesquisa para o livro", conta à
Folha, por e-mail. "Antes, eu
pensava que ele era bacana,
mas um pouco ultrapassado."
Foi só com o tempo que a
opinião de Kleist mudou. Hoje,
ele esbanja adjetivos elogiosos
como "fantástico", "dramático", "empolgante" e "único"
para se referir ao músico.
Nesse ínterim chegou aos cinemas o filme "Johnny & June" (2005), sobre o romance de
Cash com June Carter.
"Fiquei muito nervoso, porque vi no trailer que eles utilizaram o concerto na prisão
Folsom como um "turning
point" na história, e eu também
fiz isso!", conta. Saiu do cinema
tranquilo. "O filme foi em outra
direção!", diz Kleist.
O episódio a que o gibi e o
longa fazem menção é o show
de 1968 que o músico fez em
uma prisão da Califórnia
(EUA) -e que virou o álbum
"At Folsom Prison", lançado no
mesmo ano.
No gibi de Kleist, as histórias
da vida de Cash são contadas
por meio de um traço feio em
preto e branco que não chama
a atenção. E a edição não ajuda,
com textos que não se encaixam bem nos balões.
Mas a simplicidade do desenho -sem cenários, aliás- dá
destaque a uma história que é
interessante por si só.
Os próximos causos que
Kleist vai contar serão os de Fidel Castro, seu mais recente
biografado em quadrinhos.
O gibi chega às lojas em março, na Alemanha. A editora
8Inverso já demonstrou interesse em trazer o material para
o Brasil.
"Depois, vou precisar de férias, porque esse cara é realmente difícil de colocar em um
livro", diz o artista.
"Johnny Cash: Uma Biografia" saiu na Alemanha em
2006. Nos dois anos seguintes,
recebeu importantes prêmios
nacionais de quadrinhos e projetou o nome do artista para
longe. Para o Brasil, inclusive,
onde ele esteve em outubro para o Festival Internacional de
Quadrinhos de Belo Horizonte.
Kleist ficou por aqui por
duas semanas. Além da capital
mineira, conheceu Tiradentes
(MG), Rio e Porto Alegre.
E, na comparação com seu
país natal, o Brasil sai ganhando no quesito boa vontade. "Na
Alemanha, as pessoas gostam
de reclamar de tudo. No Brasil,
elas gostam de celebrar."
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