São Paulo, segunda, 9 de novembro de 1998

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RELÂMPAGOS
O fio em curso

JOÃO GILBERTO NOLL

Estou vivo. Perdoem minha impertinência. Mortinho da Silva. Respeitem o repouso infinito de morto. Querem um desaforo? Eu vos digo: vos odeio. Um acalanto? Meu sonho é ter você no amasso. Querem mais o quê? Um tédio sem remédio, uma omissão nevrálgica? Não, não querem. Querem o quê, então? Amor, eu sei, que ele só nos amanhece. Há tanto a dizer de tudo, mas não digo. Bom mesmo é sentar à beira da estrada qual um erasmo e desnovelar essa linha que palpita. Destreza? Não: o fio que tenho em curso me assaltou, aperta meu gogó, me tira o fôlego, me impele, me assassina.



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