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RELÂMPAGOS
O fio em curso
JOÃO GILBERTO NOLL
Estou vivo. Perdoem minha impertinência. Mortinho da Silva. Respeitem o
repouso infinito de morto.
Querem um desaforo? Eu
vos digo: vos odeio. Um acalanto? Meu sonho é ter você
no amasso. Querem mais o
quê? Um tédio sem remédio, uma omissão nevrálgica? Não, não querem. Querem o quê, então? Amor, eu
sei, que ele só nos amanhece. Há tanto a dizer de tudo,
mas não digo. Bom mesmo
é sentar à beira da estrada
qual um erasmo e desnovelar essa linha que palpita.
Destreza? Não: o fio que tenho em curso me assaltou,
aperta meu gogó, me tira o
fôlego, me impele, me assassina.
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