DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Começa em Madri, na próxima quinta-feira, a primeira exposição coletiva de artistas de quadrinhos nacionais no exterior. A iniciativa é do Injuve, Instituto de la Juventud, ligado ao Ministério do Trabalho e de Assuntos Sociais da Espanha.
Formatada pelo quadrinista espanhol Felipe Hernández Cava e pelo brasileiro Henrique Kipper, editor da revista "Front", a mostra "ConSecuencias 2002 Historieta Brasileña" reúne trabalhos de duas a seis páginas de 37 artistas nacionais e ficará em cartaz na sede da entidade até 11 de janeiro.
A partir de então, deve circular por outras cidades espanholas até março de 2003, quando será exibida no tradicional Salón del Cómic de Barcelona.
Os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, os paulistanos Maxx, Marcelo D'Salete e Kitagawa, o catarinense Samuel Casals, além de muitos outros ainda na casa abaixo dos 30, representam, para Kipper, a cara mais jovem das HQs nacionais.
"Eles [o Injuve" tinham uma demanda por autores jovens, mas eu disse que isso seria quase impossível dadas as características do mercado brasileiro de HQs. Aqui, com 30 anos, um quadrinista é praticamente inédito ainda. Aos quarenta já tem a faixa que podemos considerar como sendo a dos "novos" autores", analisa.
Mais sedimentados, alguns até já tendo participado de outros salões de quadrinhos na Europa, como é o caso de Lourenço Mutarelli e de Lelis, homenageados no festival português de Amadora, nomes como Osvaldo Pavanelli, Guazelli, Adão Iturrusgarai, Caco Galhardo e outros completam a lista de artistas "das mais diversas escolas e regiões do Brasil" que integram o projeto.
"Por causa desse pessoal mais experiente já somos reconhecidos como um país que, além do quadrinho de humor, tem muitos outros gêneros ditos "sérios'", afirma Kipper.
A idéia de "ConSecuencias" nasceu em 2000, quando a mesma homenagem aconteceu aos artistas das HQs argentinas, outra grande potência dentro da América Latina. Segundo Kipper, o projeto deve se tornar bienal e, em sua próxima edição, pinçar trabalhos do México ou vindos da América andina.
Paralelamente à exposição, o Injuve lançará um livro colorido de 250 páginas, em formato 16 cm x 22,5 cm, que também ajudará a reforçar e, no caso, prolongar mais ainda a presença dos quadrinhos brasileiros no país das "historietas".