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CDS
ROCK
"Hypnotize", complemento de "Mesmerize", não tem mesma energia do anterior
Novo System of a Down segue com mais barulho e protesto
Divulgação
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O quarteto System of a Down, que lança novo disco, "Hypnotize' |
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o fim do Rage Against
the Machine, em outubro de
2000, um outro quarteto norte-americano assumiu a liderança
do rock pesado de protesto (e das
vendas milionárias) contra o governo dos Estados Unidos: o
System of a Down.
Depois de lançar, em maio, um
dos melhores álbuns de 2005, a
pedrada "Mesmerize", a banda
volta agora com o anunciado disco-sinônimo "Hipnotyze" (mesmerizar, registra o "Aurélio", é sinônimo de hipnotizar).
O novo álbum complementa o
trabalho iniciado no anterior de
várias maneiras. Em primeiro lugar, visualmente: as caixas, os encartes e os desenhos não são apenas parecidos, eles realmente se
encaixam fisicamente, formando
um único CD duplo.
Em segundo lugar, os discos se
ligam musicalmente, fechando
um círculo que, agora, fica visível.
A última música do novo
"Hypnotize", a barulhenta "Soldier Side", completa a primeira
-"Soldier Side Intro"- do disco
anterior. São 23 músicas (11 de
"Mesmerize" e 12 de "Hypnotize") onde a banda vai da grosseria
do speed metal ao reggae.
Analisado separadamente, no
entanto, o novo disco se mostra
menos criativo e impactante que
o anterior. A rápida repetição de
fonemas nos refrães, a alternância
de velocidade dentro das músicas,
os começos arrasadores seguidos
de placidez instrumental, todas as
marcas registradas dos quatro
descendentes de armênios -Daron Malakian (guitarras e vocais),
Serj Tankian (vocal), Shavo
Odadjian (baixo) e John Dolmayan (bateria)- começam a se parecer com fórmulas e ameaçam se
tornarem repetitivas.
Se não mantém o pique de seu
antecessor, "Hypnotize" também
não chega a ser ruim. Ele começa
muito bem, por exemplo, com a
adequadamente intitulada "Attack", que alterna uma artilharia
de guitarra e bateria com momentos de suavidade, permitindo ao
ouvinte atentar para a letra e berrar no refrão. A pop "Lonely
Day", que já toca nas rádios, também não faz feio, com uma melodia tristonha que se encaixa bem
na letra sobre um dia solitário.
Mas Daron Malakian simplesmente não consegue dar conta de
criar tantas novas melodias. Das
23 músicas dos dois álbuns, 19 foram feitas só por ele, que participou também das outras três -algum grau de repetição já era esperado, e ele começa a pesar aqui.
Contra todos
Nas letras, o alvo principal continua sendo o governo belicista de
George Bush (em "Tentative" e
"Soldier Side", por exemplo), mas
sobra também para a sociedade
de consumo (em "Kill Rock n"
Roll"), para os turcos -com referência ao massacre dos armênios
(1915-1923) na letra de "Holy
Mountains"- e até para o regime
comunista chinês ("Por que você
não pergunta aos garotos da praça da Paz Celestial / se eles estavam lá por modismo?", diz a letra
da faixa-título, "Hypnotize").
É inegável a sinceridade dos
protestos do System of a Down,
cujos membros têm uma ONG,
batalham para que os EUA reconheçam o massacre dos armênios
pelos turcos, fizeram campanha
anti-Bush. Tampouco é possível
ignorar que a atitude de contestação continua sendo usada pela indústria para faturar alto (a banda
já vendeu mais de 10 milhões de
discos) e que os resultados políticos de tanta gritaria continuam
pífios (vide a reeleição nos EUA).
(MARCO AURÉLIO CANÔNICO)
Hypnotize
Artista: System of a Down
Lançamento: Sony/BMG
Quanto: R$ 33, em média
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