São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Holiday on Ice volta ao país após 12 anos

Inesquecível, embora considerado brega por alguns, show de patinação no gelo foi apresentado no Brasil por quatro décadas

Empresários formam nova empresa de entretenimento e declaram investir cerca de R$ 20 milhões para realizar a turnê brasileira em 2008

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No calorão de março, 30 mil litros de água serão utilizados em São Paulo para formar uma pista de patinação no gelo no ginásio do Ibirapuera.
Sobre ela, irão rodopiar e dar saltos acrobáticos dezenas de patinadores do Holiday on Ice, o consagrado espetáculo criado há 65 anos nos Estados Unidos, que retorna ao Brasil em 2008 -12 anos depois da sua última apresentação no país.
O show foi apresentado em diversas cidades brasileiras ao longo de quatro décadas e visto por cinco milhões de espectadores -ao todo já são 300 milhões, em 620 cidades de 80 países. Em São Paulo, era tradicionalmente realizado no Ibirapuera, que recebia famílias e ônibus de excursões escolares.
No próximo ano, passará por dez capitais: além de SP, Brasília, Rio, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus e Belo Horizonte.
O retorno marca a estréia da empresa de entretenimento Imeco, formada por empresários e investidores a fim de concorrer com a Time For Fun (antiga CIE), que trouxe ao Brasil o Cirque du Soleil, Roger Waters e "Fantasma da Ópera". Segundo os empresários, a volta do Holiday acontece em razão da estabilidade econômica, da desvalorização do dólar e do conseqüente boom do mercado de entretenimento, com a vinda de atrações internacionais. É o cenário oposto ao de meados dos anos 90, quando o show sobre o gelo passou a dar prejuízo no Brasil.
A Imeco tem como mentores Fernando Elimelek, da empresa de entretenimento Playcorp, que faz o Réveillon da Paulista, o publicitário Hiran Castello Branco e o empresário Carlos Moraes, que conta ser sócio, entre outros negócios, do badalado restaurante Spot (SP).
Segundo Elimelek, o grupo deverá investir cerca de R$ 20 milhões na turnê do Holiday no Brasil -metade de todo o orçamento previsto para 2008.
"Vamos tentar usar leis de incentivo fiscal e contar com patrocinadores para deixar o ingresso mais barato, em torno de R$ 50 para a arquibancada."
Estão sendo vendidas cotas de patrocínio de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, e a Imeco usará R$ 7 milhões só na divulgação.
Antes de escolher o Holiday como evento de estréia da empresa, a Imeco fez uma pesquisa para chegar ao nome de um popular evento internacional. "Queríamos um espetáculo de massa. Mais de 90% se lembravam do Holiday e disseram estar dispostos a rever o show e levar os filhos", diz Elimelek.
No site de relacionamentos Orkut, há a comunidade "Eu Fui ao Holiday on Ice", com mais de 1.300 membros. Seu criador, o estudante de publicidade Vitor Rebello, 22, assistiu a duas apresentações, uma com excursão da escola e outra com os pais. "Eu me lembro que, na entrada do ginásio do Ibirapuera, tinha aquelas lanterninhas de néon para vender", conta.
O Holiday, com aqueles patinadores fantasiados fazendo piruetas, costuma mesmo ser inesquecível. Mesmo quem hoje o considera brega tem boas lembranças do espetáculo, que trouxe ondas de pistas de patinação no gelo para amadores.
Na década de 80, Elimelek foi dono de duas delas, uma no shopping Ibirapuera, em São Paulo, e outra no Rio Sul, na capital carioca. A turnê do Holiday, somada à quarta temporada da "Dança no Gelo", do "Domingão do Faustão" (também prevista para o ano que vem), deve trazer de volta a mania, que já tem muitos fãs no Rio.
"Estamos conversando com pessoas interessadas em montar pistas", conta Elimelek.

Volta ao mundo
O Holiday foi criado em 1943 em um hotel de Ohio, nos Estados Unidos. Em 99, foi comprado pelo grupo holandês Joop Van den Ende, que deu origem à Endemol, do "Big Brother".
Atualmente, possui diferentes shows em cartaz na Alemanha, França, Holanda, Inglaterra, Bélgica, Áustria, Dinamarca e em Portugal. Para o Brasil, virá "Pernalonga no Gelo - A Volta ao Mundo em 80 Minutos", inspirado em Júlio Verne. "Minha preocupação era atrair as escolas. Por isso, optamos por esse espetáculo, que passa por diferentes culturas e países, inclusive o Brasil. Já estou desenvolvendo um trabalho para organizar excursões escolares."
Serão 52 patinadores, de 19 diferentes nacionalidades -nenhum brasileiro- que irão aportar em São Paulo para congelar as águas de março.


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